A escatologia do “Apocalipse dos empregos”: Benanav e a crítica ao “discurso da automação”

Imagem: WikiCommons
Por Manoel Dourado Bastos
“O fim está próximo”: o clássico jargão do juízo derradeiro é o que se intui de uma matéria da Business Insider de abril de 2017, dando notícia de um estudo da PwC que alertava para as possibilidades de automação dos empregos em algo próximo a 30% no Reino Unido, Estados Unidos, Alemanha e Japão (Price, 2017). Sem disfarçar o tom pessimista, a revista anunciava o “apocalipse dos empregos” [jobs apocalypse]. Não satisfeita em tocar as trombetas, a publicação passou a polemizar com o desdém do então secretário do Tesouro dos EUA, Steven Mnuchin, que afirmava categoricamente que a ameaça representada pela IA aos empregos dos seres humano só viria a ocorrer de fato dali a 50 ou 100 anos (Holodny, 2017).
Como reação redentora ao pouco caso governamental diante da urgência catastrófica, encontramos na mesma matéria o presidente global da PwC, Bob Moritz, criticando a pouca preparação para o enfrentamento do cenário, apontando principalmente a ausência de políticas públicas visando lidar com os problemas abertos pela automação, como, por exemplo, a inexistência de programas de capacitação de trabalhadores para a reinserção em outros setores. Para Moritz, o cenário aberto pela ausência de ação governamental geraria três implicações negativas: a) a desaparição de empregos; b) os riscos para o crescimento econômico; e c) a ameaça de agitação social (Price, 2017). Não é difícil perceber que a apreensão política da consultoria multinacional revela um senso de oportunidade de negócios: “Quer se safar dos problemas que o avanço tecnológico traz para sua empresa ou governo? Pergunte-me como.”
Passada quase uma década, a profecia interesseira da consultoria não se realizou, ainda que o mundo do trabalho de fato não tenha parado de piorar. Em Automação e o futuro do trabalho, que acaba de ser publicado pela Boitempo, Aaron Benanav enfrenta criticamente aquele tipo de argumento, a que dá o nome de “discurso da automação”. Seja de esquerda ou de direita, trata-se de uma perspectiva que tomou conta dos debates contemporâneos que se desdobraram a partir do surgimento das plataformas, inteligência artificial e demais aspectos ligados à digitalização. A tese subjacente ao discurso é simples: o desenvolvimento tecnológico desenfreado levará ao desemprego exponenciado. E é preciso agir o quanto antes, seja para utilizar paliativos a fim de estancar seus resultados, seja para aproveitar o momento e modificar radicalmente a sociedade, isso sem falar, obviamente, no niilismo da aversão às tecnologias.
Desde que Frey e Osborne (2013 e 2017) declararam o perigo laboral generalizado a partir da possibilidade de computadorização de tarefas que compõem diversos tipos de trabalho, indicando com isso a condição de automação dos empregos e, por conseguinte, a ameaça massiva de desemprego, os desenvolvimentos digitais recentes se tornaram a desinência de uma catástrofe inescapável. Não sem tempo, essa metodologia foi reproduzida em pelo menos dois importantes estudos no Brasil (Albuquerque et al, 2019; Kubota e Maciente, 2019), patrocinados pelo Ipea, chegando a prognósticos alarmantes de mais de 50% de propensão à extinção de postos de trabalho por conta da automação de tarefas. Organismos internacionais, como ONU e OIT, aparelhos privados, como a PwC e a McKinsey, e pesquisadores acadêmicos têm emitido sinais, nem sempre convergentes, de que a digitalização vai atingir de maneira vertiginosa o mundo do trabalho. Ao avaliar diferentes autores dedicados a reconhecer uma consonância perversa entre saltos tecnológicos e desemprego em massa, Benanav aponta o profundo determinismo tecnológico que os move, sejam apologetas burgueses ou anticapitalistas.
A rigor, como bem indica Benanav, o “discurso da automação” tem a idade do capitalismo — não como um contínuo fio vermelho, mas com aparições periódicas, se renovando a cada contexto histórico em que as contradições próprias à crise imanente do capital sobem a primeiro plano. De Babbage, em meados do século XIX, a Srnicek, no século XXI, podemos acompanhar o recorrente argumento em torno do problema que classicamente foi nomeado como “desemprego tecnológico”, argumento interessado em destacar que, ao contrário das tecnologias que economizam trabalho, a automação substitui integralmente o trabalho humano, eliminando assim a totalidade de empregos no setor automatizado. No primeiro quarto do século XXI, os avanços da automação por meio da IA, aprendizado de máquina e Big Data, entre outros aspectos derivados da digitalização das TICs, renovaram o indisfarçável tom escatológico que caracteriza o “discurso da automação”, quer profetize o alvorecer ou o crepúsculo.
Ao contrário desse foco obviamente tecnodeterminista, Benanav apresenta uma avaliação bastante distinta da questão. A tese de fundo se encontra na obra de Robert Brenner (2003 e 2009) e seu diagnóstico sobre a economia da turbulência global. Brenner se dedicou a estudar o “longo declínio” que se impôs por volta de meados dos anos 1970 ao dinamismo capitalista, logo após o período de prosperidade que se seguiu ao fim da Segunda Guerra Mundial. O ritmo cada vez mais lento de crescimento global da economia, que se justifica nomear de estagnação, é avaliado por Brenner a partir de um estudo cuidadoso da trajetória da lucratividade das empresas das economias avançadas. Brenner constata que entre o final da década de 1930 até o final da década de 1940 houve uma elevação nas taxas de lucro nos EUA, Europa e Japão, o que permitiu que essas economias passassem por um boom. Entre 1965 e 1973, por outro lado, houve um marcante declínio da lucratividade, de que a dinâmica capitalista nunca conseguiu recuperar.
Para explicar esse processo de auge dos anos dourados e decaída rumo à economia de turbulência, Brenner organiza seu pensamento segundo três planos de análise. Num plano mais abstrato, trata-se de expor os mecanismos da lei tendencial da queda da taxa de lucros, compreendendo o contexto de concorrência entre capitais individuais e o consequente esforço visando a redução de custos a fim de investir em capital fixo que entregue mais eficiência mediante a adoção de nova tecnologia. Se por um lado isso gerou um incrível desenvolvimento das forças produtivas, por outro lado, travou a realização de inversões em capital fixo para aquelas empresas que mantiveram suas condições de produção com alto custo. O resultado, nesse plano de análise, é excesso de capacidade produtiva e redução da lucratividade.
Num segundo plano de abstração, intermediário, Brenner tematiza o desenvolvimento desigual da expansão capitalista. De um lado desse processo, encontram-se um bloco capitalista previamente desenvolvido, que se vale de sua condição tecnológica e socioeconômica mais avançada e sua proeminência política para manter um domínio sobre seus próprios mercados. Do outro, estão os blocos capitalistas de desenvolvimento tardio, tecnológica e socioeconomicamente menos avançados em seus inícios e politicamente subordinados, desta feita incapazes de adentrar nos mercados do bloco avançado, o que os impele a buscar rentabilidade avançando sobre outras regiões menos integradas, explorando novos insumos e forças de trabalho com custos mais baixos. No âmbito da concorrência, como as inversões geram a inserção de capital fixo com tecnologias relativamente semelhantes, as economias de desenvolvimento prévio se sentem ameaçadas pelos blocos capitalistas de desenvolvimento tardio e o custo mais baixo dos insumos, o que gera excesso de capacidade de taxas de lucros menores.
No terceiro plano, Brenner parte dos níveis anteriores de abstração para reconhecer na concretude da economia global após a Segunda Guerra Mundial a simbiose entre os Estados Unidos (como o bloco capitalista avançado) e a Europa e o Japão (como os blocos capitalistas de desenvolvimento tardio). Enquanto os Estados Unidos se valeram de sua liderança tecnológica e política de caráter imperialista, viabilizada pelo poder militar, para exercer uma expansão global de livre mercado, com investimento direto no estrangeiro e internacionalização financeira, os blocos capitalistas de Europa e Japão partiram para o capitalismo organizado, com presença decisiva do Estado para viabilizar exportações de sua produção industrial.
O acentuado declínio da lucratividade que se observa entre 1965 e 1973 é explicado por Brenner como a pressão sobre os preços produzida pela acentuação da concorrência entre os blocos capitalistas prévio e tardio. Deste modo, inviabilizada a plena valorização do capital fixo já instalado em grandes setores, ganha conotação sistêmica a redução de lucratividade gerada pelo excesso de capacidade produtiva. Daí por diante, o longo declínio se fez de modo a manter o dinamismo capitalista de fato estagnado. Então, quando na segunda metade dos anos 1990 se reconhece um significativo crescimento econômico nos EUA, ele é rapidamente sobrepujado pelo excesso de capacidade produtiva que não só se intensifica, como se expande para os setores de alta tecnologia. A novidade do processo está no fato de que ele se assenta numa bolha especulativa, constituída pela corrida do dinheiro disponível ao setor de alta tecnologia, que era também um despejo dos recursos no mercado financeiro, que não tarda a quebrar.
É exatamente deste argumento que, por exemplo, parte Nick Srnicek para explicar sua noção de capitalismo de plataformas. No contexto de excesso de capacidade produtiva que leva ao declínio da lucratividade no setor industrial, e com a necessidade de encontrar caminhos para que o capital gere retorno, as empresas proprietárias de plataformas digitais se tornam um caminho, principalmente porque a bolha especulativa que estoura no fim dos anos 1990 estava ligada justamente às chamadas “empresas ponto com”. Srnicek, que é devidamente avaliado por Benanav como um autor ligado ao “discurso da automação”, desenvolve sua concepção de capitalismo de plataformas muito mais próximo à concepção da sobrecapacidade produtiva apresentada por Brenner e tudo aquilo que daí se desdobra, como salários baixos e endividamento. Ou seja, o capitalismo de plataformas não coloca em xeque as condições de estagnação, mas as reorganiza em novos termos, de modo que aqui as tecnologias da informação e da comunicação não aparecem como as deflagradoras do problema, mas como um elemento que passa a fazer parte da questão.
Benanav, por sua vez, encontra nos argumentos de Brenner uma base para assentar seus estudos sobre a história global do desemprego. A baixa demanda por trabalho, que se expressa como desemprego em massa durante as crises, persiste principalmente na forma do subemprego. Ao contrário do que professa o discurso da automação, que afirma uma relação causal entre desemprego generalizado e inovações tecnológicas, Benanav vai insistir na avaliação da sobrecapacidade. Estudando o processo de desindustrialização (isto é, menor participação da manufatura no emprego), Benanav demonstra a limitação da explicação baseada no processo de offshoring, que efetivamente aconteceu, mas que se mostra insuficiente por ignorar o aumento da quantidade de bens produzidos com menos trabalhadores.
Os autores do “discurso da automação”, por princípio, reconheceriam aí um aumento da produtividade que, contudo, também não é corroborada pelos números, dada a quase estabilidade de sua taxa de crescimento em diferentes países. Explica-se esse “paradoxo da produtividade” (ou seja, a desindustrialização que não se correlaciona com aumento da produtividade do trabalho), a partir de uma fórmula que relaciona as taxas de crescimento da produção (ΔO), do emprego (ΔE) e da produtividade (ΔP) de tal modo que ΔO – ΔP = ΔE. A partir da observação do declínio da taxa de produção e da estabilidade da taxa de produtividade, redundando na queda da taxa de emprego, Benanav explica a desindustrialização como uma combinação de estagnação e desenvolvimento tecnológico limitado, baseada na sobrecapacidade produtiva descrita por Brenner.
Essa baixa demanda de trabalho ocasionada pela sobrecapacidade, que descamba para o desemprego em tempos agudos de crise e, mais especificamente, para o subemprego persistente, também se dá nos setores de serviços, que, mesmo que sofram impactos tecnológicos e aumentos de produtividade, são incapazes de gerar um dinamismo de crescimento econômico capaz de resolver o imbróglio da estagnação, conforme Benanav. As lentas taxas de crescimento de produtividade no setor de serviços, que depende afinal do aumento geral da renda, esbarrou no processo de estagnação. Isso porque também o setor de serviços passa por um excesso de capacidade, de maneira talvez ainda mais rápida que a manufatura. Benanav é cuidadoso em apontar que o setor de serviços e também a agricultura foram, a rigor, industrializados. Não por acaso, tornam-se setores determinados pelo excesso de capacidade e, consequentemente, passam a oferecer subempregos. O quadro geral é uma perda do poder dos trabalhadores em negociar melhores condições, aceitando os subempregos oferecidos e gerando um quadro geral que Benanav não teme em indicar como de superexploração.
Seria um erro argumentar que Benanav simplesmente desconsidera os avanços tecnológicos, ainda que aponte a lentidão da dinâmica de adoção de inovações na monta que o “discurso da automação” mais supõe do que demonstra. O que acontece é que, ainda que tenhamos setores inteiros automatizados, Benanav avalia o processo tanto pelo prisma da comparação histórica — de modo que se observa nos ditos anos gloriosos do capitalismo pós-guerra e nos significativos processos de automação de partes das tarefas que, contudo, remavam na mesma corrente do crescimento de trabalho e consumo — quanto pela conjuntura atual vista em si mesma — com setores internamente automatizados num quadro geral de sobrecapacidade e estagnação, o que piora a oferta massiva de subempregos.
Depois de expor os argumentos do livro, vale sugerir que algumas leituras brasileiras se somariam ao argumento proposto por Benanav. Penso que uma delas se encontra nos estudos sobre “subsunção do trabalho intelectual”, conforme a proposição de César Bolaño (2002 e 2024), apoiada na leitura de Trabalho intelectual e manual, de Alfred Sohn-Rethel (2004), também recentemente publicado pelo Boitempo. Aquilo que Bolaño indica como a 3a. Revolução Industrial apresenta características marcantes, bem como limites evidentes, em esteira análoga à percepção de Benanav sobre a automação geral do trabalho. A segunda leitura brasileira que sugiro se encontra na articulação entre a avaliação proposta por Benanav ao setor de serviços e o papel que este cumpre na avaliação da industrialização brasileira apresentada por Chico de Oliveira (2003) na Crítica à razão dualista. A terceira está no notável uso categorial que Benanav promove ao avaliar o subemprego conforme a superexploração. Há aqui um terreno fértil para dialogar com a concepção de Ruy Mauro Marini (2008), principalmente com a percepção de fim de vida sobre a generalização da superexploração do trabalho. Essas linhas convergentes podem ser encontradas no livro de Guilherme Bernardi (2024) sobre Crise e automação.
Para finalizar, ao longo do texto Benanav aponta que, dado o diagnóstico equivocado, o “discurso da automação” apresenta soluções limitadas, quando não ruins, para o quadro de subemprego. Obviamente, como os laços de camaradagem são ainda mais essenciais neste tipo de quadra histórica, Benanav não se furta a reorganizar o dialógico com as utopias de esquerda oriundas do “discurso da automação”. Trata-se abertamente de reconhecer que a sobrecapacidade criou não apenas uma estagnação secular, mas colocou na mesa a sociedade pós-escassez. Por isso mesmo, a urgência de discutirmos novas formas de produção de nossa própria existência, que não passem mais pelo processo de autovalorização do valor, se põe em condições segundo as quais as possibilidades de satisfação plena das necessidades estão dadas. Não é uma perspectiva tecnodeterminista que vai viabilizar isso, mas uma firme construção de formas sociais que não são regidas pelo capital. O horizonte da comunização é aquele que pode ser posto já, de maneira realista, nos termos de Benanav.
Referências
ALBUQUERQUE, Pedro. et al. Na era das máquinas, o emprego é de quem? Estimação da probabilidade de automação de ocupações no Brasil. Rio de Janeiro: IPEA (Texto para Discussão, 2457), mar. 2019. Acesso em: 23 mar. 2021.
BENANAV, Aaron. Automação e o futuro do trabalho. São Paulo: Boitempo, 2025.
BERNARDI, Guilherme. Crise e automação: uma análise das transformações na divisão do trabalho. Curitiba: Appris, 2023.
BOLAÑO, César. Subsunção e proletarização do trabalho intelectual em tempos de plataformas digitais e inteligência artificial. Recuperando uma contribuição de Ernest Mandel. In: Encontro Nacional de Economia Política, 2024, Marabá -PA, UNIFESSPA. Acesso em: 06 jul. 2025.
BOLAÑO, César. Trabalho Intelectual, Comunicação e Capitalismo. A Reconfiguração do Fator Subjetivo na Atual Reestruturação Produtiva. Revista da Sociedade Brasileira de Economia Política. n. 11, pp. 53-78, 2002. Acesso em: 16 nov. 2020.
BRENNER, Robert. La economia de la turbulencia global. Madri: Akal, 2009.
BRENNER, Robert. O Boom e a Bolha: os Estados Unidos na economia mundial. Rio de Janeiro: Record, 2003.
FREY, Carl; OSBORNE, Michael. A. The future of employment: how susceptible are jobs to computerisation? Oxford: Oxford Martin School (Working paper), set. 2013. Acesso em: 23 mar. 2021.
FREY, Carl Benedikt; OSBORNE, Michael A. The future of employment: How susceptible are jobs to computerisation? Technological forecasting and social change, v. 114, p. 254-280, 2017. Acesso em: 04/04/2023.
HOLODNY, Elena. Treasury Secretary Mnuchin says AI taking US jobs is ’50-100 more years’ away — but it’s already beginning to happen. Business Insider, 26.mar.2017. Acesso em: 21.mai.2020.
KUBOTA, Luis; MACIENTE, Aguinaldo. Propensão à automação das tarefas ocupacionais no Brasil. Brasília: Radar/IPEA, ed. 61, pp. 23-28, 2019, dez. 2019. Acesso em: 23 mar. 2021.
MARINI, Ruy Mauro. Proceso y tendencias de la globalización capitalista. In: MARINI, Ruy Mauro. América Latina, dependencia y globalización. Bogotá: CLACSO; Siglo del Hombre, 2008.
OLIVEIRA, Francisco. Crítica à razão dualista/O ornitorrinco. São Paulo: Boitempo, 2003.
PRICE, Rob. PwC’s global chairman says we’ll see ‘that scenario of a negative growth rate’ if we don’t deal with job-killing robots. Business Insider, 9.abr.2017. Acesso em: 21.mai.2020.
SOHN-RETHEL, Alfred. Trabalho intelectual e manual. São Paulo: Boitempo, 2004.
***
Manoel Dourado Bastos é doutor em História pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (campus de Assis). Professor Associado do Departamento de Comunicação da Universidade Estadual de Londrina, onde coordena o Programa de Pós-Graduação em Comunicação (2023-2027), também atua como docente permanente no Programa de Pós-Graduação em Sociologia da mesma instituição. Dentre suas publicações recentes, destacam-se os artigos “Materiais para uma reconstrução da dialética na Comunicação: a crítica dialética da Indústria Cultural e as ligações entre Teoria Crítica, Nova Leitura de Marx e Economia Política da Comunicação” (revista Famecos, v. 32, n. 02, 2025) e “Um oco dentro do oco dentro do oco: duas sugestões para a interpretação da Indústria Cultural na periferia do capitalismo a partir da crítica dialética de Roberto Schwarz” (revista Literatura e Sociedade, v. 31, n. 41, 2025).
ASSISTA NA TV BOITEMPO
Lançamento antecipado de Automação e o futuro do trabalho, de Aaron Benanav. Debate com Mariana Shinohara Roncato, Murillo van der Laan e Ricardo Antunes. Mediação de Renata Falavina.
CONHEÇA O LIVRO DO MÊS DO ARMAS DA CRÍTICA

O discurso da automação tecnológica tem sido amplamente mobilizado por empresários, políticos, jornalistas e formadores de opinião para sustentar prognósticos ora catastróficos, ora idílicos. Em Automação e o futuro do trabalho, Aaron Benanav, professor da Universidade Cornell, contrapõe-se a essas previsões ao argumentar que não é a tecnologia, mas o longo declínio da economia capitalista, o responsável pelo desemprego e, sobretudo, pelos subempregos contemporâneos.

A partir da análise de dados de diversas economias nacionais, o livro acompanha os processos de desindustrialização e de deslocamento dos empregos para o setor de serviços desde o último quarto do século XX. Mostra como a sobreacumulação de capitais na indústria resultou na desaceleração da produção, da produtividade e do crescimento econômico, afetando profundamente o mundo do trabalho – ainda que de modo heterogêneo entre os países. Sob tais condições, as ilusões da financeirização, frequentemente apoiadas em promessas de novas tecnologias para resolver crises econômicas e sociais, não se confirmam na prática. No prefácio à edição brasileira, Benanav afirma:
“As lições da última década devem moderar tanto nossas esperanças quanto nossos temores. A verdadeira ameaça representada pela IA generativa não é que ela eliminará o trabalho em grande escala, tornando o trabalho humano obsoleto. É o fato de que, se não for controlada, ela continuará a transformar o trabalho de forma a aprofundar a precariedade, intensificar a vigilância e ampliar as desigualdades existentes”.

O que fazer, então, diante do quadro desolador do capitalismo contemporâneo? Partindo do diagnóstico do longo declínio da economia capitalista, Automação e o futuro do trabalho critica tanto as soluções keynesianas quanto as propostas de renda básica e retoma uma tradição comunal, inspirada em autores como Karl Marx e Piotr Kropotkin, para esboçar um caminho rumo a um mundo pós-escassez. Esse horizonte não se ancora em compulsões tecnológicas nem no crescimento econômico desenfreado, mas na democratização substantiva de nossas capacidades, necessidades e liberdades.
🚀Assine até o Armas da Crítica até o dia 15 de outubro e receba:
📕 Um exemplar de Automação e o futuro do trabalho, de Aaron Benanav, em versão impressa e e-book
📗Um exemplar da cartilha Direitos de verdade: essa história também é sobre você, desenvolvida pelo Ministério Público do Trabalho – Campinas
🔖 Marcador + adesivo
📰 Guia de leitura multimídia no Blog da Boitempo
📺 Vídeo antecipado na TV Boitempo
🛒 30% de desconto em nossa loja virtual
Descubra mais sobre Blog da Boitempo
Assine para receber nossas notícias mais recentes por e-mail.
Deixe um comentário