2015-2025: A década da Marcha das Mulheres Negras no Brasil

A Marcha das Mulheres Negras de 2015 foi o primeiro setor da sociedade civil a encarar, de frente, as forças reacionárias que tomariam o poder do país poucos meses depois, permanecendo no controle do planalto central por mais de sete anos. Uma década depois, o movimento de mulheres negras brasileiras prepara sua segunda edição em Brasília.

Mulheres marcham em Copacabana para celebrar o Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, em julho de 2024. Foto: Tânia Rêgo / Agência Brasil.

Por Simone Nascimento

No Brasil, o dia 25 de julho carrega o nome e a memória de uma das maiores líderes quilombolas da nossa história: Tereza de Benguela. Mulher negra, resistente e estrategista, Tereza comandou por mais de duas décadas o Quilombo do Quariterê, no atual estado de Mato Grosso. No século XVIII, enfrentou o regime escravocrata e o extermínio do povo negro. É em sua homenagem que a data se tornou, em 2014, o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra, reconhecendo o protagonismo de mulheres negras na luta por liberdade, justiça e igualdade.

Na mesma data também celebramos o Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, marco internacional da resistência antirracista e antipatriarcal nas Américas. A escolha da data tem origem internacional: foi instituída durante o 1º Encontro de Mulheres Afro-Latino-Americanas e Afro-Caribenhas, realizado na República Dominicana, entre os dias 19 e 25 de julho de 1992, e celebrada desde então. Valdecir Nascimento, fundadora do Instituto Odara, foi uma das participantes brasileiras desse encontro. Décadas depois, a organização contribuiu para a criação, no Brasil, do #JulhoDasPretas, um calendário vibrante e cheio de ações protagonizadas por mulheres negras organizadas em todo o país. Refletir sobre a condição de vida da mulher negra e opinar como nosso país deve seguir, é um dos principais legados desse calendário, um exercício de democracia, que Valdecir e o movimento de mulheres negras sempre afirmam, experimentamos pouco:

“Nós, mulheres negras, experimentamos muito pouco o que é democracia. O Brasil não é um país democrático”.
— Valdecir Nascimento

Mas essa história começa muito antes. Há 41 anos, em 15 de julho de 1984, mulheres negras de 14 países reuniram-se em Quito, no Equador, na 1ª Conferência da Mulher Negra nas Américas. Esses marcos demonstram como tem sido fundamental a articulação e aliança entre mulheres negras da região, culminando em momentos de grande efervescência política — como o que vivemos nesta década no Brasil.

O que aconteceu em Quito, na República Dominicana e, agora, no Brasil dialoga diretamente com a contribuição de Lélia Gonzalez, uma das maiores pensadoras e militantes negras brasileiras, ao formular o conceito de amefricanidade enquanto uma identidade construída na experiência de quem vive entre Áfricas, Américas e resistências, nas últimas décadas e séculos.

A 1ª Marcha das Mulheres Negras, nossa manifestação histórica, foi sonhada muito antes do ano de 2015 e surgiu em 2011, durante o Afro XXI — Encontro Ibero-Americano do Ano dos Afrodescendentes, realizado em Salvador. A proposta de realizar uma marcha nacional foi apresentada por Nilma Bentes, militante negra paraense, agrônoma e fundadora do Centro de Defesa do Negro do Pará. Na época, ela integrava a coordenação da Articulação de Organizações de Mulheres Negras Brasileiras (AMNB), que em 2012 abraçou de vez a construção da marcha.

A jornalista Juliana Gonçalves dos Santos, integrante do núcleo impulsor da Marcha em São Paulo e autora de uma dissertação de mestrado na USP sobre o tema, registrou que:

“A realização da Marcha das Mulheres Negras – Contra o Racismo, a Violência e pelo Bem Viver não está apartada desse histórico de luta e resistência das mulheres negras; pelo contrário, faz parte do legado concreto de enfrentamento às opressões de gênero, raça e classe. Um exemplo simbólico dessa continuidade foi a utilização da mesma musicalização do poema ‘Salve a mulher negra’, entoada por Luiza Bairros em 1985, e retomada 30 anos depois no vídeo lançado em janeiro de 2015 pela AMNB, no ano da marcha.”1

Como demonstrou a 1ª Marcha das Mulheres Negras, o movimento de mulheres negras brasileiras pensa, planeja e organiza ações estratégicas de curto, médio e longo prazo. Nossas ancestrais, como Tereza, sonharam com o fim da escravidão. Nossas mais velhas, como Luiza Bairros e Nilma Bentes, nutriram nossa luta por mais de três décadas. Hoje, seguimos sonhando e lutando por reparação histórica e bem viver, de mãos dadas com elas, fisicamente e na ancestralidade.

1ª Marcha das Mulheres Negras em Brasília, novembro de 2015. Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil

Em 18 de novembro de 2015, eu tinha 23 anos. Antes da grande marcha, no ano anterior, as feministas negras Luciana Araujo e Luka Franca tinham me convidado para ajudar a construir o núcleo impulsor de São Paulo. Assim como nós, centenas de milhares de mulheres no Brasil toparam essa tarefa e a realizaram entre os anos de 2011 e 2014. E lá estávamos entre as mais de 50 mil mulheres negras na 1ª Marcha das Mulheres Negras em Brasília.2 Viajamos até lá, vindas de todos os cantos do país, para nos manifestar contra o racismo, a violência e pelo bem viver.

“Para todas nós que participamos lá em Brasília, mesmo para as mais velhas, foi uma sensação inédita de força, ver Brasília enegrecida.”
— Luciana Araújo

Em termos programáticos, a marcha ajudou no avanço do projeto político do povo negro para o Brasil — tão forte na década de 1980, durante a redemocratização, tão bem elaborado no centenário da abolição. No “Manifesto da Marcha das Mulheres Negras 2015 – Contra o racismo, a violência e pelo bem viver”, publicado em 25 de julho de 2014, o debate se atualizou profundamente na história com a centralidade da discussão de gênero, raça e classe:

“Buscamos um processo de protagonismo político das mulheres negras, em que nossas pautas de reivindicação tenham centralidade neste país.”

A carta sistematizou as principais bandeiras da comunidade, apontando que, embora tenhamos avançado em alguns direitos básicos e fundamentais durante os primeiros governos populares, nossos corpos continuavam sendo os mais atingidos pela violência e pelas desigualdades do sistema capitalista. Dentre as reivindicações de 2014, estavam:

  • Fim do feminicídio de mulheres negras e garantia de nossas vidas;
  • Investigação de todos os casos de violência doméstica e assassinatos de mulheres negras, com punição dos culpados;
  • Fim do racismo e sexismo nos meios de comunicação, que promovem violência simbólica e física;
  • Combate às práticas racistas e sexistas no mercado de trabalho;
  • Fim das revistas vexatórias e agressões em presídios;
  • Acesso à saúde pública de qualidade, com punição à discriminação racial e sexual nos atendimentos;
  • Titulação e garantia das terras quilombolas, especialmente em nome das mulheres negras;
  • Respeito à liberdade religiosa e preservação das práticas culturais de matriz africana;
  • Participação efetiva das mulheres negras na vida pública.

Em termos organizativos, o período de preparação para a marcha de 2015 estruturou um núcleo impulsor nacional e diversos núcleos estaduais, fortalecendo o movimento desde os territórios. Realizou encontros formativos, espaços de convivência, espiritualidade e cultura. Tudo isso resultou na poderosa mobilização nacional de 18 de novembro de 2015.

Gosto de pensar naquele dia como uma grande greve nacional de mulheres negras, pois somos a engrenagem do Brasil — cuidamos, cultivamos, trabalhamos. E quando marchamos até Brasília, por algumas horas, por alguns dias, paramos e, sim, fizemos uma greve! Essa é uma leitura que nos ajuda a refletir sobre o lugar do trabalho na vida das mulheres negras brasileiras. Como canta a rapper Luana Hansen, fomos “uma legião de lutadoras clandestinas”.

Em termos históricos, a marcha também foi um prenúncio do que viveríamos na década que ali se iniciava. Foi a última grande manifestação popular antes do impeachment da presidenta Dilma Rousseff. Nossas análises já apontavam os efeitos do arrocho em nossas vidas e o contra-ataque da extrema direita. Não à toa, ao chegarmos na Esplanada dos Ministérios, nos deparamos com um acampamento que pedia a volta da Ditadura Militar — que permanecia ativo mesmo após o pedido oficial de desmonte daquele espaço. Houve confronto e repressão.

No dia, dois policiais civis foram presos por disparar tiros para o alto durante marcha na Esplanada dos Ministérios. Dois grupos distintos de manifestantes de direita estavam acampados na Esplanada. Um pró-ditadura e outro a favor do impeachment da presidenta. O segundo acampamento pertencia ao Movimento Brasil Livre. Compunha o cenário um boneco inflável que homenageava o general do Exército Antônio Mourão, exonerado do Comando Militar do Sul na época. Ele se tornaria vice-presidente do país no governo Bolsonaro, anos depois. Dias antes, na imprensa, já havíamos lido que armas foram encontradas nesse acampamento, mesmo assim, o governo local não desmontou o espaço, colocando nossas vidas em risco.

A Marcha das Mulheres Negras foi o primeiro setor da sociedade civil a encarar, de frente, as forças reacionárias que tomariam o poder do país poucos meses depois, permanecendo no controle do planalto central por mais de sete anos.

Manifestantes de direita acampados no gramado do Congresso Nacional entraram em confronto com integrantes da Marcha das Mulheres Negras ocorrida em Brasília, em novembro de 2015. Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Os impactos desse processo organizativo da primeira marcha foram imensos. Entre os grandes desdobramentos dessa mobilização está a realização, em 2018, do 2º Encontro Nacional de Mulheres Negras, 30 anos após o primeiro, realizado em dezembro de 1988, durante o centenário da abolição, quando 450 mulheres reuniram-se em Valença (RJ) para denunciar que a liberdade ainda não havia chegado para todas. Três décadas depois, entre os dias 6 e 9 de dezembro de 2018, milhares de mulheres negras ocuparam Goiânia (GO), reafirmando o compromisso com a construção de um Brasil feminista, justo e antirracista. A realização do encontro foi decidida durante o Fórum Permanente de Mulheres Negras, no Fórum Social Mundial, em Salvador. 

Iêda Leal, uma das organizadoras do Encontro e coordenadora nacional do Movimento Negro Unificado (MNU) entre os anos de 2017 e 2023, comemorou em entrevista ao portal Catarinas: “Tem 900 mulheres presentes aqui nesse quilombo”.  Entre elas estava a filósofa Angela Davis, que demarcou ao mundo a contribuição das mulheres negras brasileiras:

“O feminismo negro no Brasil percebe que o mundo inteiro deveria conhecer Carolina Maria de Jesus, Beatriz Nascimento, Lélia Gonzalez e Luiza Bairros.”
— Angela Davis

De lá pra cá, o debate público sobre a representatividade de mulheres negras se expandiu. Mas foi muito além disso, a marcha debate com a sociedade brasileira transformações profundas para um novo marco civilizatório para o Brasil e o mundo. 

Ao acrescentar as contribuições afrodiapóricas, dos povos negros e originários, ao conceito andino de bem-viver, Nilma Bentes e as mulheres negras em movimento na última década apresentaram um questionamento profundo à ordem burguesa, à exploração capitalista, ao racismo, ao patriarcado. Agora, com a nova edição da marcha, apontam a reparação histórica, conceito elaborado no interior do Movimento Negro Unificado em seus 47 anos, historicamente defensor da reparação como direito coletivo; como um caminho para a conquista dessa utopia de futuro baseada em valores comunitários. Tenho certeza de que o movimento de mulheres negras brasileiras colocará a bandeira da reparação em debate profundo na sociedade brasileira.

Para bem viver, a reparação é ferramenta necessária, por exemplo, para construir reforma agrária e urbana, que nos falta desde a abolição, além da titulação dos territórios quilombolas e da demarcação das Terras Indígenas. Para haver reparação, os que ainda lucram com o legado da escravidão e o racismo precisam devolver ao povo sua riqueza. 

Assim são os imaginários coletivos que encontramos nas rodas de conversa e ações pré-marcha, e que nos permitem sonhar com soberania alimentar, equilíbrio entre as espécies com a natureza, o fim o genocídio da população negra e acabar com a pobreza e riqueza capitalista. Esse movimento em marcha questiona profundamente as raízes das desigualdades sociais no país, apresentando como horizonte e utopia a ruptura com os valores da sociedade em que sobrevivemos hoje.

Como legado da última década, a marcha das mulheres negras ajudou a renovar nas ações e ideias o movimento social negro no Brasil e foi uma engrenagem, por exemplo, para fundação da Coalizão Negra Por Direitos. Na última década ajudou a eleger as primeiras diretorias da UNE negras, lideranças sindicais e partidárias, parlamentares em diversas casas legislativas. Na pandemia de Covid-19, o que germinou em nossos núcleos impulsores e organizações foi determinante para construirmos redes de solidariedade, e para lutarmos contra a bala, a fome e a Covid-19.  E, nas eleições de 2022, se dependesse das mulheres negras brasileiras, Lula teria sido eleito já no primeiro turno. Nossas consciências têm movido nossas comunidades inteiras. 

Gosto quando Juliana Gonçalves nos diz que “somos aquelas que transformam o pouco em abundância”. Assim, as mulheres negras preservaram tecnologias que mantiveram de pé a população negra como maioria no Brasil. Portanto, ter uma escuta ativa do que representa 28% da população é o único caminho para os movimentos sociais e esquerdas que acreditam no poder popular.

Agora, em 2025, a 2ª Marcha das Mulheres Negras promete ser o fôlego coletivo que iremos respirar para a próxima década — com presença internacional. Num mundo em disputa profunda sobre os rumos da humanidade, a grande manifestação acontecerá em 25 de novembro, em Brasília. Mas antes disso, mulheres negras em todo o país estarão nas ruas entre os dias 19 e 27 de julho, organizando pré-marchas em diversas cidades nos estados de Alagoas, Bahia, Pernambuco, Piauí, São Paulo, Amazonas, Ceará, Maranhão, Pará, Paraíba, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro.

Segundo comunicado oficial, a 13ª edição da Agenda do Julho das Pretas, em 2025, registrou 634 atividades promovidas por 281 coletivos de mulheres negras em todas as regiões do Brasil — e também na Colômbia, França e Inglaterra. Desde 2013, o Julho das Pretas é uma ação política de enfrentamento ao racismo, que ocupa escolas, ruas, universidades, terreiros, sindicatos e redes com as vozes negras organizadas.

A luta das mulheres negras é uma revolução permanente: porque cada passo, cada marcha, cada encontro é parte de um processo contínuo de transformação radical do Brasil e do mundo. A 2ª marcha das mulheres negras está em processo de organização e mobilização, e é possível acompanhar e apoiar a construção a partir de seus núcleos impulsores de norte a sul do país, além de acompanhar suas reflexões políticas, documentos e a futura carta desta edição, nos canais oficiais do movimento.3 

Pensar e construir democracia e soberania no Brasil só é possível com a presença e construção ativa das mulheres negras, maioria da nação. Marchemos por bem viver e reparação histórica!

Notas

  1. Juliana Gonçalves dos Santos. O Bem Viver em narrativas de mulheres negras. 2023. Dissertação (Mestrado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2023, p. 38. Disponível aqui. Acesso em: jul. 2025. ↩︎
  2. Beatriz de Oliveira. O dia em que 50 mil mulheres marcharam em Brasília. Nós, mulheres da periferia, 25 jul. 2022. Disponível aqui. Acesso em:  jul. 2025. ↩︎
  3. Acompanhe as ações de mobilização por todo o país no Intagram: @marchadasmulheresnegras2025 ↩︎

***
Simone Nascimento é feminista negra. Jornalista pela PUC-SP e mestre nas áreas de Comunicação e Cultura no Programa de Integração da América Latina na USP, está codeputada estadual pela Bancada Feminista do PSOL na ALESP. É militante da Marcha das Mulheres Negras de São Paulo e membra da coordenação do Movimento Negro Unificado.


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Festas populares no Brasil, de Lélia Gonzalez
Este é o único livro que a pensadora, acadêmica e militante do movimento negro brasileiro, publicou em vida exclusivamente como autora. Escrita em 1987, a obra apresenta registros fotográficos de festas populares do Brasil de norte a sul com textos informativos que apresentam as marcas da herança africana na cultura brasileira, a integração entre o profano e o sagrado e a reinvenção das tradições religiosas na formação do imaginário cultural brasileiro.
 
Premiada internacionalmente na época de sua publicação, a obra continua pouco citada e pouco conhecida no Brasil, inclusive por nunca ter ido ao mercado livreiro. Como argumenta Raquel Barreto, no prefácio à nova edição da obra, esse esquecimento não é fortuito, mas sim um capítulo do violento apagamento da sua produção intelectual. Como forma de se contrapor a esse processo, a nova edição da Boitempo, em formato capa dura e brochura, apresenta o texto integral de Lélia e novas imagens, textos e documentos. São mais de cem imagens dos fotógrafos Walter Firmo, Januário Garcia, Maureen Bisilliat e Marcel Gautherot, entre outros, com posfácio de Leda Maria Martins, prefácio de Raquel Barreto, prólogo de Leci Brandão, texto de orelha de Sueli Carneiro, quarta capa de Angela Davis, Leci Brandão e Zezé Motta, e projeto gráfico de Casa Rex. A publicação de Festas populares no Brasil teve apoio do Instituto Memorial Lélia Gonzalez, do Instituto Ibirapitanga e do Instituto Moreira Salles (IMS).


Intersecções letais: raça, gênero e violência, de Patricia Hill Collins
O livro analisa situações como o assassinato de Marielle Franco no Brasil, o conflito na República Democrática do Congo, a condição das mulheres aborígenes na Austrália e da população negra nos Estados Unidos. No livro, a autora aponta metodologicamente e de maneira acessível como aplicar o conceito de interseccionalidade em investigações sobre as origens e as consequências da desigualdade e da injustiça.

“Provocativo e desafiador, este livro é fundamental para aquelas e aqueles que buscam compreender as raízes estruturais da violência, a qual Collins se recusa a aceitar como inevitável, convidando-nos a resistir a esse perverso fenômeno. Intersecções letais é uma leitura imprescindível para as pessoas engajadas na luta por justiça social e que buscam aprofundar suas reflexões sobre as conexões entre violência, relações de poder e desigualdades”
— Nilma Lino Gomes

Pensamento feminista negro, de Patricia Hill Collins
Explora as raízes e as estratégias do feminismo negro nos EUA, mapeando as lutas e teorias de figuras como Angela Davis e Audre Lorde. Relevante para entender a interseccionalidade das opressões e empoderamento das mulheres negras. Prefácio da autora para edição brasileira.
Da mesma autora, leia também Interseccionalidade, escrito com Sirma Bilge

A nova segregação: racismo e encarceramento em massa, de Michelle Alexander
Um olhar crítico e impactante sobre o sistema prisional dos EUA e seu profundo vínculo com o racismo estrutural. A autora revela a continuidade do controle racial e da segregação, questionando a justiça e lançando luz sobre um sistema de subcastas perpetuado pelo encarceramento em massa.


Mulheres, raça e classe, de Angela Davis
Profundamente analítico, traça as interseções de raça, classe e gênero na luta contra opressões. A autora desafia visões simplistas, expondo a centralidade das mulheres negras. Sua crítica à esquerda ortodoxa e reflexões sobre representatividade são atuais.

Uma autobiografia, de Angela Davis
Relato emocionante de uma vida dedicada à luta por justiça e igualdade. Ícone dos movimentos negros e feministas, a autora compartilha sua história marcante, revelando as injustiças que enfrentou e as raízes profundas de sua resistência. Sua narrativa é uma fonte inspiradora de força e determinação.
Da mesma autora, leia também A liberdade é uma luta constante.


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1 comentário em 2015-2025: A década da Marcha das Mulheres Negras no Brasil

  1. Avatar de Desconhecido Seu Imóvel Goiânia // 25/07/2025 às 5:34 pm // Responder

    Parabéns pelo artigo inspirador! A reflexão sobre a Marcha das Mulheres Negras de 2015 e a preparação para 2025 em Brasília destaca a força do movimento por reparação e bem viver. A conexão com Tereza de Benguela e o Dia da Mulher Negra é poderosa, e as pré-marchas em várias cidades mostram a mobilização crescente. Ótima cobertura, valorizando a luta antirracista e o protagonismo das mulheres negras! imóveis Goiânia

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