Filmes para descobrir na 49ª Mostra Interacional de Cinema de São Paulo

Cena de Saneamento Básico, o Filme. Imagem: Divulgação

Por Alysson Oliveira

A 49ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo acontece até o final deste mês. Em meio a 368 filmes disponíveis, talvez não seja fácil escolher o que ver. Há, claro, a opção dos longas badalados, muitos deles já premiados em grandes festivais. Por outro lado, um evento como esse abre a possibilidade de seguir pelo caminho oposto. Esta lista, produzida pelo crítico Alysson Oliveira a pedido do Blog da Boitempo, busca fugir do óbvio e apresentar filmes que, experimentando com variadas possibilidades estéticas, fazem assim um retrato pouco convencional do mundo em que vivemos.


Ontem à noite conquistei Tebas, de Gabriel Azorín (Espanha, Portugal)

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Primeiro longa-metragem do diretor espanhol, acompanha António e Jota, que numa noite fria de inverno retornam do front de batalha e, junto a seus amigos, vão em busca de uma antiga terma romana — cujas águas dariam aos homens a coragem necessária para revelar os segredos mais bem guardados. Entre a travessia do caminho pantanoso e brincadeiras, eles relembram glórias militares do passado e compartilham medos inauditos.


A sombra do meu pai, de Akinola Davies Jr. (Reino Unido, Nigéria)

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Com traços autobiográficos, o filme do nigeriano Akinola Davies Jr. é ambientado na metrópole de Lagos, durante a crise eleitoral de 1993 no país. A história acompanha a jornada de um pai, afastado de seus dois filhos pequenos, que tenta voltar para casa em meio à profunda agitação política.


Meteoros, de Hubert Charuel (França)

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Ameaçada de ser atingida por um meteoro, a comunidade de uma pequena vila de Honduras se prepara para o evento. No entanto, um jovem francês tem certeza de que a rota do corpo celeste foi alterada. Recém-saído de uma clínica psiquiátrica, ele precisa avisar seus amigos e conterrâneos de que o meteoro está a caminho.


Folha seca, de Alexandre Koberidze (Alemanha, Geórgia)

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Com título inspirado na “folha seca”, chute inventado por Didi, jogador da seleção brasileira, nos anos 1950, o filme retrata a busca por Lisa, uma fotógrafa esportiva que desaparece repentinamente, deixando para trás uma carta em que pede para não ser encontrada. Seu pai, Irakli, incapaz de aceitar esse desaparecimento, parte em uma jornada para encontrá-la junto do melhor amigo da moça. Os dois viajam pelo interior da Geórgia conhecendo pessoas gentis e conversando com crianças que jogam futebol. Quando finalmente cogitam desistir de encontrá-la, um acontecimento misterioso revela uma última esperança.


O riso e a faca, de Pedro Pinho (Portugal, Brasil, França, Romênia)

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Realizador do belo A fábrica de nada, neste novo filme Pedro Pinho acompanha Sérgio, um engenheiro que viaja para uma grande cidade da África Ocidental para trabalhar na construção de uma estrada entre o deserto e a selva a serviço de uma ONG. Ali, ele se envolve em uma relação íntima, mas desequilibrada com dois habitantes da cidade, Diára e Gui. À medida que adentra nas dinâmicas neocoloniais da comunidade de expatriados, esse laço frágil torna-se o seu último refúgio perante a solidão e a barbárie.


***
Alysson Oliveira é jornalista e crítico de cinema no site Cineweb, membro da ABRACCINE – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, e escreve sobre livros na revista Carta Capital. Tem Mestrado e Doutorado em Letras, pela FFLCH-USP, nos quais estudou Cormac McCarthy e Ursula K. LeGuin, respectivamente. Realiza pesquisa de pós-doutorado, na mesma instituição, sobre a relação entre a literatura contemporânea dos EUA e o neoliberalismo, em autores como Don DeLillo, Rachel Kushner e Ben Lerner. 


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