A meritocracia como modo de vida e a dominação social no capitalismo contemporâneo

"A meritocracia se apresenta como essa “propriedade natural” dos sujeitos: todos seriam livres para competir, investir em si mesmos e colher os frutos do próprio esforço. Contudo, esse discurso abstrai as desigualdades estruturais — de classe, raça, gênero, acesso à educação e redes de proteção. Nesse sentido, o “mito da meritocracia” não é falso porque inexato, mas porque atua por meio de uma inversão histórica, isto é, transforma desigualdades socialmente determinadas em atributos individuais, convertendo privilégio em mérito e reforçando o estranhamento entre os indivíduos, ao transformar a sociabilidade em mera competição que estrutura as relações sociais."

Imagem: Wikimedia Commons

Por Ederson Duda

No contexto de décadas de hegemonia neoliberal, marcado por reestruturações produtivas, financeirização da economia, políticas de austeridade, flexibilização trabalhista e retração dos direitos sociais, a meritocracia transformou-se em uma forma social que, ao se difundir na prática da vida cotidiana, constitui também um modo de vida voltado à legitimação e atualização da dominação do capital sobre o trabalho. Tal como Karl Marx e Friedrich Engels já indicavam em A ideologia alemã, cada modo de produção engendra um determinado modo de vida. Quando esse modo de produção passa por atualizações em sua forma social, o modo de vida também se transforma, reorganizando os hábitos, as necessidades e os vínculos sociais. No caso do neoliberalismo, esse modo de vida se organiza pela internalização da lógica meritocrática, que naturaliza a competição e fragmenta a sociabilidade. Esse processo produz, ao mesmo tempo, formas renovadas de estranhamento1, uma vez que o trabalhador passa a se perceber como indivíduo isolado e responsável único por seu destino, distanciando-se das mediações sociais e históricas que estruturam sua existência.  

A promessa de que o esforço pessoal é suficiente para garantir o sucesso individual nas sociedades capitalistas apresenta-se, na realidade social, como um dos pilares que sustentam a reprodução material das desigualdades pelo capital. À medida que o neoliberalismo se desenvolve, a noção de “meritocracia” ganha centralidade não apenas como valor moral, mas também como forma social, ao passo que se torna estruturante do modo de ser, agir e sentir dos indivíduos. A meritocracia, nesse sentido, não se reduz a um discurso ideológico, mas se consolida como um modo de vida, uma forma de estranhamento que atravessa todas as dimensões da existência social. Isso ocorre porque, enquanto forma social, a meritocracia internaliza a lógica da competição e transforma relações sociais em relações reificadas de desempenho individual, operando como instrumento de naturalização das desigualdades, necessária à valorização do capital em sua fase de acumulação flexível.

Embora parte da literatura liberal associe o mérito à liberdade e ao progresso2, e parte da crítica social a compreenda como uma forma ideológica funcional à dominação3, aqui buscamos um caminho distinto: analisar a meritocracia como uma forma social histórica, constituída a partir das necessidades próprias do desenvolvimento contraditório do capital. Em outras palavras, mais do que uma narrativa ideológica ou uma ética individual, a meritocracia deve ser lida como uma das engrenagens que articulam o processo de subordinação do trabalho ao capital — especialmente em sua fase neoliberal — intensificando o estranhamento ao converter desigualdades estruturais em atributos individuais. 

Como uma forma histórica, a meritocracia não deve ser lida como uma instância autônoma da relação entre o capital e o trabalho, mas incorporada à totalidade e à complexidade do desenvolvimento capitalista e à sua necessidade de converter formas sociais tipicamente não capitalistas em essencialmente capitalistas, em busca da valorização do valor. Desse processo resulta um modo de vida marcado pelo estranhamento e pela reificação das relações sociais. A meritocracia, assim, não é um valor intrínseco ao capitalismo e à democracia liberal, tampouco uma forma natural das relações sociais, algo imanente à humanidade. Nas sociedades capitalistas, ela se apresenta como uma ilusão necessária, ora como uma “justificação do mundo”, ora como elemento articulado ao funcionamento do capitalismo democrático. Enquanto forma social, a meritocracia tem sido constantemente atualizada pela lógica do capital, em busca de constituir um modo de vida adequado às necessidades de sua reprodução ampliada. Com o neoliberalismo, esse processo se radicaliza, aprofundando uma subordinação ainda mais enraizada. 

Apoiados na tradição marxista4 e em contribuições gramscianas5, argumentamos que a meritocracia atua como mecanismo de intensificação da exploração e da dominação do capital sobre o trabalho. Ao mobilizar valores como esforço, qualificação e “empreendedorismo de si”, ela induz o trabalhador a internalizar as exigências do capital, transformando sua própria subjetividade em recurso econômico — ou, nos termos de Michel Foucault6, em capital humano — num processo que expressa também o estranhamento do indivíduo em relação a si mesmo e à sua atividade.  

A forma social da meritocracia 

Com o desenvolvimento das forças produtivas capitalistas, os modos de vida passam por atualizações que correspondem às determinações da valorização do valor. No contexto neoliberal, essas transformações assumem formas específicas de estranhamento, como a meritocracia, que organiza a experiência do trabalhador em relação ao conjunto de suas práticas, hábitos e relações cotidianas, correspondentes às condições materiais da produção7. Dessa forma, cada atualização das suas forças produtivas implica, necessária e simultaneamente, uma reorganização das práticas, hábitos e relações sociais, afetando profundamente a subjetividade do trabalhador. Nesse sentido, o modo de vida capitalista é inseparável de formas históricas específicas de estranhamento, que, no neoliberalismo, se consolidam centralmente na meritocracia como mediação social. 

Foi nesse sentido que Antonio Gramsci examinou o surgimento de um modo de vida que denominou , em um texto homônimo, como “Americanismo e fordismo” — um processo de atualização-radicalização da mudança psicofísica do trabalhador, conforme as necessidades das novas formas de produção e subordinação do trabalho pelo capital, impostas pelo regime taylorista-fordista. Essa atualização na dominação do capital sobre o trabalho pressupõe a modificação dos hábitos sociopolíticos, constituindo novas práticas e formas de subjetividade, lidas como “naturais” e reproduzidas socialmente em diversas instituições privadas e públicas8, por meio de aparelhos privados de hegemonia9. Trata-se, assim, não apenas da adaptação material do trabalhador às novas exigências produtivas, mas também da formação de um modo de vida marcado por estranhamento, no qual os indivíduos passam a internalizar como próprios os valores e práticas que objetivamente expressam a lógica da subordinação do capital. Esse processo evidencia como a hegemonia se exerce na vida cotidiana de maneira molecular, convertendo a dominação econômica em práticas, afetos e representações sociais aparentemente espontâneas. 

Sob o capitalismo, as relações sociais adquirem uma forma fetichizada: os indivíduos se relacionam entre si como coisas, mercadorias ou valores de troca. Nesse contexto, a meritocracia atua como uma mediação ideológica que organiza o sentido do mundo social, ocultando sua estrutura de exploração. Como observa Marx, “o valor de troca se apresenta como uma propriedade natural das coisas”, quando na objetivamente se trata de uma relação social historicamente determinada10. Assim, ao transformar as desigualdades estruturais em atividades individuais, a meritocracia intensifica o estranhamento, na medida em que faz com o que o trabalhador passe a se perceber separado tanto do produto e da atividade que realiza quanto de sua própria essência e dos demais sujeitos sociais. Desse modo, o fetichismo da mercadoria se prolonga na forma de um modo de vida meritocrático, no qual a competição e o desempenho passam a ser vividos como expressões naturais da existência social. 

A meritocracia se apresenta como essa “propriedade natural” dos sujeitos: todos seriam livres para competir, investir em si mesmos e colher os frutos do próprio esforço. Contudo, esse discurso abstrai as desigualdades estruturais — de classe, raça, gênero, acesso à educação e redes de proteção. Nesse sentido, o “mito da meritocracia” não é falso porque inexato, mas porque atua por meio de uma inversão histórica, isto é, transforma desigualdades socialmente determinadas em atributos individuais, convertendo privilégio em mérito e reforçando o estranhamento entre os indivíduos, ao transformar a sociabilidade em mera competição que estrutura as relações sociais. 

Autores como Thomas Piketty11 e Branko Milanovic12 tentam reabilitar a meritocracia como princípio de justiça distributiva, mas o fazem a partir de uma leitura que oculta a relação estrutural entre capital e trabalho. A tradição marxista, por outro lado, revela que essa lógica é fundamental para a reprodução do capital, uma vez que a concorrência entre trabalhadores, alimentada pela promessa meritocrática, constitui uma condição necessária para a valorização constante do valor — o motor do modo de produção capitalista. 

Do valor à subjetividade

A questão não é apenas como a meritocracia justifica o capitalismo, mas como ela molda sujeitos necessários à sua reprodução. A partir de Gramsci, compreendemos que o capital não se impõe apenas por coerção, mas também por consenso. A hegemonia se realiza por meio de práticas cotidianas, valores internalizados e instituições que educam os indivíduos a se comportarem de acordo com as exigências da acumulação, produzindo formas sociais estranhadas que distanciam o trabalhador de sua atividade, de si mesmos e da coletividade, ao configurar uma subjetividade segundo as necessidades do capital. 

Nesse sentido, a meritocracia atua como um operador simbólico, organizando não apenas o mercado, mas também a família, a escola, o lazer. O trabalhador deixa de ser apenas explorado — ele passa a se autoexplorar, disciplinando seus afetos, investindo em sua “empregabilidade” e gerenciando sua própria existência como se fosse um negócio, uma empresa. Surge então o “empreendedor de si”, figura emblemática da subjetividade neoliberal que expressa o avanço da lógica do capital para além do trabalho, mas sobre a vida social13, em um processo que intensifica o estranhamento, pois o indivíduo passa a se perceber como capital a ser valorizado, distanciando-se de sua própria essência. 

O desenvolvimento das forças produtivas impõe não apenas novos métodos de trabalho, mas também um novo tipo humano, com hábitos, desejos e condutas adaptadas à reprodução ampliada do capital. No neoliberalismo, marcado pela lógica da financeirização, essa forma social se atualiza sob novas formas de subordinação, como o trabalho remoto, a plataformização, a avaliação por algoritmos, as metas pessoais e demais características da acumulação flexível. Tudo isso reforça a ideia de que o trabalhador se constitui como responsável pelo próprio desempenho e, por extensão, por sua própria precariedade. 

Capital humano e a naturalização da desigualdade 

A noção de “capital humano”, desenvolvida por autores como Schultz14 e Becker15 — e, como vimos, analisada criticamente por Foucault — é central para essa transformação. Ela pressupõe que o trabalhador se torna um capitalista de si mesmo, investindo em sua educação, saúde e competências para aumentar sua renda futura. Nesse modelo, o salário deixa de ser a expressão da exploração do trabalho assalariado e passa a ser o “retorno” de um investimento pessoal, na medida em que o indivíduo enxerga sua própria existência como capital a ser valorizado, dissociando-se da experiência coletiva do trabalho. 

Essa lógica, porém, camufla o caráter estrutural das desigualdades. O acesso a recursos de valorização — como escola, cultura, tempo livre — é distribuído socialmente de maneira desigual. Ainda assim, quando um jovem negro da periferia não alcança o mesmo sucesso de alguém da elite, o fracasso é interpretado como falta de esforço individual, e não como expressão das desigualdades estruturais que moldam e limitam as trajetórias sociais. 

A meritocracia, portanto, não se limita a um discurso. Ela constitui uma forma de vida que reorganiza a subjetividade social, deslocando os conflitos de classe para o interior do sujeito. Ao internalizar a lógica do capital, os trabalhadores passam a concorrer entre si de forma atomizada, corroendo a solidariedade de classe e enfraquecendo os vínculos coletivos. A atualidade do capital, sob a forma neoliberal, exige esse tipo de individualismo competitivo como condição para sua hegemonia.

Crítica, luta e reinvenção do possível

A crítica à meritocracia, quando conduzida apenas nos termos da desigualdade de resultados, permanece insuficiente. É preciso revelar sua função na estrutura social de dominação, seu papel na produção de sujeitos adaptados às exigências do capital e sua presença nas práticas cotidianas, nas escolhas e nos afetos.

Compreender a meritocracia como modo de vida é reconhecer que ela não constitui um equívoco moral, mas um mecanismo de controle e dominação do capital sobre os trabalhadores, cuja forma social se expressa na intensificação da exploração da força de trabalho. Romper com essa lógica exige mais do que desmentir seus mitos: exige construir outras formas de vida, outras relações de trabalho e de solidariedade, baseadas não na concorrência meritória, mas na partilha das condições de existência. 

Notas

  1. LUKÁCS, György. “O Estranhamento”. In: Para uma ontologia do ser social II. São Paulo: Boitempo, 2013. ↩︎
  2. Ver, por exemplo, MILL, John Stuart. A liberdade. Utilitarismo. São Paulo: Martins Fontes, 2000; HAYEK, Friedrich A. Direito, legislação e liberdade. São Paulo: Visão, 1973 e FRIEDMAN, Milton. Capitalismo e liberdade. São Paulo: Arte Nova, 1977.  ↩︎
  3. Cf. CAVALCANTE, Sávio. Classe média e conservadorismo liberal. In: Direita Volver: o retorno da direita e o ciclo político brasileiro. São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2015 e SAES, Décio. Classe média e políticas de classe (uma nota teórica). Contraponto, n. 2, 1977.  ↩︎
  4. MARX, Karl. Grundrisse. São Paulo: Boitempo, 2011; MARX, Karl. O capital: crítica da economia política, Livro I. São Paulo: Editora Boitempo, 2013. ↩︎
  5. GRAMSCI, Antonio. Cadernos do Cárcere. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1999. ↩︎
  6. FOUCAULT, Michel. Nascimento da biopolítica: curso dado no Collège de France (1978-1979). São Paulo: Martins Fontes, 2008. (aula de 14 de março de 1979).  ↩︎
  7. MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. A Ideologia alemã. São Paulo: Boitempo, 2007. ↩︎
  8. Segundo Edmundo Dias (Revolução passiva e modo de vida: ensaios sobre as classes subalternas, o capitalismo e a hegemonia. São Paulo: Sundermann, 2013, p. 51), como todo “modo de vida se realiza em um conjunto de instituições que” expressa simultaneamente “a relação estrutural-contraditória de dominação”, a “normalidade” criada a partir desse processo possibilita ao mesmo tempo a formulação do que seria o “certo e o que é errado”, naturalizando as relações de poder, que permanecem escondidas na aparência da realidade.  ↩︎
  9. GRAMSCI, Antonio. Cadernos do Cárcere. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1999.  ↩︎
  10. MARX, Karl. O capital: crítica da economia política, Livro I. São Paulo: Editora Boitempo, 2013.  ↩︎
  11. PIKETTY, Thomas. O Capital no Século XXI. Editora Intrínseca, Rio de Janeiro, 2014.  ↩︎
  12. MILANOVIC, Branko. Capitalismo sem rivais: O futuro do sistema que domina o mundo. São Paulo: Todavia, 2020.  ↩︎
  13. A esse respeito, ver ABÍLIO, Ludmila C. Uberização: do empreendedorismo para o autogerenciamento subordinado. Psicoperspectivas, v. 18, n. 3, p. 41-51, 2019 e AMORIM, Henrique; MODA, Felipe.; MEVIS, Camila. O empreendedorismo não é apenas uma ideologia: a subordinação no trabalho plataformizado. In: LEONE, E. T.; PRONI, M. W. Facetas do trabalho no Brasil contemporâneo. Curitiba: Editora CRV, p. 325-336, 2021.  ↩︎
  14. SCHULTZ, Theodore. O capital humano: investimentos em educação e pesquisa. Tradutor: Marco Aurélio de Moura Matos. Rio de Janeiro: Zahar, 1973.  ↩︎
  15. BECKER, Gary. Human capital: a theoretical and empirical analysis with special reference to education. 3. ed. Chicago: The University of Chicago Press, 1992.  ↩︎

***
Ederson Duda é doutorando em Ciências Sociais pela Unifesp.


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Fresu apresenta a evolução política e intelectual de Gramsci e mostra como esse revolucionário, a partir da questão colonial, percebeu também os limites do liberalismo e passou a considerar que apenas o socialismo seria capaz de viabilizar a emancipação humana. A obra tem coedição do Instituto Norberto Bobbio


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