A suprema justiça do espetáculo: o mensalão, o circo e nenhum pão

12.12.12_Mauro Iasi_A suprema justiça do espetáculoPor Mauro Iasi.

Sem dúvida o nosso tempo… prefere a imagem à coisa (…)
Ele considera que a ilusão é sagrada, e a verdade é profana.

Guy Debord

Desde tempos imemoriais os seres humanos representam, isto é, transpõem a vida ao ritual, ao símbolo, à imagem, para olhá-la como num espelho e tentar reconhecer-se. No entanto, como nos explica Bakhtin, o signo não é uma simples reapresentação do real, ele reflete e refrata o real representado. No caso do ritual da justiça, o espetáculo não é mera expiação social do dano causado, ela é mais que isso, é catarse.

Os meios de comunicação transmitiram o espetáculo do julgamento do mensalão com o rigor do rito jurídico e com as sutilezas da performance circense, com direito a mágicos e suas capas e uma profusão de coelhos que saltavam de cartolas/pastas, equilibristas navegando de maneira instável em uma tênue linha que separa a verdade da ficção. Malabaristas jogavam suas palavras, termos jurídicos, citações filosóficas, tipificações do ato delituoso, atenuantes, impropérios e, lógico, os palhaços, esses artistas incompreendidos e adorados, com suas roupas extravagantes e enormes sapatos que distraem a atenção do público enquanto os funcionários trocam os cenários.

Inútil procurar os fatos, a sagrada verdade, sobre os entulhos de processos e recursos. Ela é o que menos importa, pois no espetáculo “tudo que era vivido diretamente tornou-se uma representação”, nos diz Debord (A sociedade do Espetáculo, Rio de Janeiro, Contraponto: 1997, 13).

O espetáculo é a afirmação da aparência, mas aparência não é falsidade que encobre um real, é a forma necessária de expressão deste real, nos termos de Marx a expressão invertida de um mundo invertido. O fato que origina a ação jurídica tem que se tornar abstrato para ser julgado, ele deixa de ser um ato que fere uma ou outra pessoa, ou as pessoas em seu conjunto como sociedade, mas deve ser tipificado como ação contrária a determinado preceito legal. Na abstração da norma positivada, o fato se vê e se reconhece, ou não, mas não pelo que é em si mesmo, mas pela habilidade dos advogados em reconstruí-lo para que se encontre nos termos abstratos da lei, ou dela destoe.

Desta maneira, o espetáculo jurídico, assim como todo espetáculo, assume uma forma tautológica, uma vez que “seus meios (são), ao mesmo tempo, seu fim” (idem, 17). Quando se chega ao fim do julgamento, a sentença proferida, a justiça é feita. Realiza-se lá, no espaço jurídico, o que deixou de se realizar no campo social onde se deu o fato. Este é o mecanismo primordial da catarse. Na vida tudo é muito complicado, as contas não fecham, nossos amores viram desamores, nossos carros não sobem montanhas, ficam presos no engarrafamento, nosso cigarro vira câncer de laringe; mas, na novela os casais se encontram, normalmente no último capítulo, e, no que nos interessa, os culpados são punidos e a justiça é feita.

É, no entanto, inegável que ao projetarmos a realização do desejo no outro sentimos em nós uma realização indireta. Pulamos de aviões, enfrentamos batalhas, vivemos grandes e avassaladoras paixões, voltamos no tempo e desvendamos os rincões mais distantes do espaço. Talvez, seja esse um elemento do ser social que em si mesmo não é um problema. Nossa projeção nos outros e mesmo a realização de nossos desejos na realização do outro, é próprio da sociabilidade humana, mas não é disso que se trata, mas de uma projeção na qual uma relação entre seres humanos assume a forma de uma relação entre coisas.

O fundamento da catarse é que projetamos para outro a realização de algo que por esse meio deixa de se realizar em nós, assim se aproxima do fenômeno da alienação e do estranhamento. No campo da política tal fenômeno está presente no mito fundador do Estado, tal como descrito pelas mãos de seus precursores contratualistas. Dizia Hobbes:

“Diz-se que um Estado foi instituído quando uma multidão de homens concordam e pactuam, cada um com cada um dos outros, que qualquer homem ou assembleia de homens a que sejam atribuídos pela maioria o direito de representar a pessoa de todos eles (ou seja, de ser seus representante), todos, sem exceção (…) deverão autorizar todos os atos e decisões desse homem ou assembleia de homens, tal como se fossem seus atos e decisões” (Hobbes, Leviatã, cap.XVIII).

Vejam, aqueles que “representam” decidem por nós, em nosso lugar. Os mais otimistas diriam: sim, mas e daí? É um ato legítimo de representação, em nosso nome, portanto, salvaguardando nossos interesses. O que os otimistas (ou ingênuos) não percebem é que a transposição para o universo simbólico e espetacular onde se dá a representação não é apenas a expressão refletida de nossa vontade como vontade geral, a refração que distorce toda representação é que os interesses particulares se apresentam como se fossem universais.

Vamos aos fatos. Vivemos em um presidencialismo de coalizão, isto é, o presidente governa construindo uma sustentação no Congresso (Senado e Câmara de Deputados). A sistemática política funciona no sentido de impor a necessidade de formar bancadas de sustentação entre forças distintas que ocupam, supostamente de maneira proporcional, os postos no legislativo. O meio consagrado de manter estas bancadas, condição essencial à governabilidade, é a troca de favores entre o executivo e o legislativo que pode se dar na divisão de cargos no governo, na aprovação de emendas ao orçamento, no direcionamento das ações públicas para áreas de interesse dos lobbies que os parlamentares representam.

Até aqui, a consciência condescendente de nossa época e a legislação considera legitimo e legal. O ato do espetáculo exige não apenas que os atores que representam atuem como se aquilo fosse o real, mas há a exigência de outra atuação complementar, aquela que impõe ao público que suponha real a atuação dos atores (a menos que estivéssemos diante do distanciamento brechitiano, que não cabe aqui). Assim, os governantes atuam desta forma como se fosse pelo interesse geral e o bom público finge acreditar.

O que os governantes sabem e o bom público também, é que este campo restrito de legalidade é constantemente subvertido por iniciativas que vão além do legal e do legítimo e a troca de favores inclui práticas diretas ou indiretas de corrupção. Longe de ser um desvio ou mau funcionamento de um sistema em si virtuoso, a corrupção é parte integrante e incontornável da forma de governo estabelecida. Mas para o bom andamento do espetáculo, todos temos que fingir que não sabíamos e, público e governantes, se mostrar surpresos (normalmente como mau atores) quando as práticas ilícitas se tornam visíveis.

As campanhas eleitorais, que são o ritual espetaculoso pelo qual se montam as representações governamentais e parlamentares, são fundamentalmente um ato explícito de corrupção e chantagem. Não importa que fira os mais elementares princípios da própria jurídicialidade burguesa. Vejam a distribuição do tempo de televisão (meio que, hoje, se tornou decisivo). Pela lei, ele é distribuído pelo tamanho das bancadas existentes, o que é absurdo uma vez que define uma proporção fundada nas eleições anteriores para um pleito aberto ao futuro e quebra a igualdade como condição da disputa. Tal procedimento abre a negociação pelo tempo em um verdadeiro balcão de negócios onde o que menos vale são programas e compromissos políticos fundados em interesses reais em disputa na sociedade (leia-se “de classes”).

Não se proíbe a mercantilização da política, mas a consciência piedosa de nossa época parece se espantar na hora de pagar pela compra realizada, como o desavisado no bordel se mostrando surpreso por não ter sido por amor. Não é menos corrupção, no exato sentido da palavra, um governo que mantêm as taxas de juros em patamares exorbitantes para atender as promessas de campanha ao setor bancário, ou que dirige as obras públicas em favor das grandes empreiteiras. Ele está pagando favores advindos do financiamento de campanha. Da mesma maneira os recursos oriundos destes financiamentos, sejam registrados e legalizados ou contabilizados no famoso caixa dois, são partilhados entre aqueles partidos e políticos que disciplinadamente mantiveram-se na sustentação do governo.

O PT tem razão em se mostrar indignado. Ele apenas atuou pelas mesmas regras que sempre se atuou no presidencialismo de coalizão, da mesma forma que os governos do PSDB, DEM e PPS, assim como o histórico fisiologismo do PMDB, sempre governaram. Seu engano, entre tantos, foi supor que tinha sido aceito no clube e receberia as mesmas prerrogativas que seus pares mais tradicionais. Acreditou que pelo fato de não abrir a caixa preta do governo FHC e expor as entranhas dos atos ilícitos ali praticados, não diferentes daqueles pelos quais foi julgado, ele seria poupado, numa espécie de crença ingênua de “amor, com amor se paga”, tendo que cantar, ao final, um samba amargurado: “você pagou com traição, a quem sempre lhe deu a mão”.

Havia outro caminho? Esta é uma pergunta difícil. Para aqueles que acreditam que a estratégia política passa pelo suposto controle de governo tal com está definido nos marcos do Estado Burguês, ou seja, aboliram de sua concepção política a noção de ruptura, infelizmente, não. Mas não há inevitabilidade na política. O equívoco maior do PT e de sua estratégia é se prender aos limites da governabilidade burguesa e das amarras do presidencialismos de coalizão. Havia sim oura sustentação política, mas esta se localizava fora do parlamento e dos marcos da institucionalidade burguesa: os movimentos sociais e a organização autônoma da classe trabalhadora.

Essa opção levaria a um governo de tensões e intensificação da luta de classes, opção descartada pelos estrategistas petistas. A opção pela governabilidade com base na adesão (compra) de partidos implicou na aceitação tácita e explícita dos meios necessários para isso que agora são julgados como imorais e ilegais (e são).

Por isso, há uma ironia na última reunião do diretório nacional do PT que aventou a possibilidade de chamar as massas e a militância em defesa do PT contra o STF. Não se pensou em mobilizar as energias militantes e a capacidade de luta da classe trabalhadora quando podia e devia, para impor uma governabilidade que se dirigisse contra os limites da ordem, para sustentar uma reforma política que supera-se as armadilhas da governabilidade viciada estabelecida, para garantir uma reforma agrária, para barrar o desmonte das políticas públicas, para defender a previdência, para barrar os transgênicos e a supremacia do agronegócio. Agora querem que os trabalhadores saiam em defesa do governo contra uma decisão da justiça, da representação suprema de uma ordem política e jurídica a qual o PT se rendeu como limite intransponível. É mais que irônico, é ridículo.

Neste ponto o PT, mais uma vez, se mostrou coerente. Acatou a decisão da justiça e desautorizou as manifestações de massa.

Diz, mais uma vez Debord:

“A alienação do espectador em favor do objeto contemplado (o que resulta de sua própria atividade inconsciente) se expressa assim: quanto mais ele contempla, menos vive; quanto mais aceita reconhecer-se nas imagens dominantes da necessidade, menos compreende sua própria existência e seu próprio desejo” (Debord, op. cit. 24)

Quem produziu espectadores não pode esperar agora que hajam como atores.

Quando morre um palhaço, triste e solitário, com cirrose de tanto beber para enganar a tristeza da vida, o público nem percebe. No picadeiro há outro, com uma grossa camada de maquiagem, com suas roupas coloridas e um sorriso desenhado na cara.  

O espetáculo não pode parar! Respeitável público…

***

Mauro Iasi é professor adjunto da Escola de Serviço Social da UFRJ, presidente da ADUFRJ, pesquisador do NEPEM (Núcleo de Estudos e Pesquisas Marxistas), do NEP 13 de Maio e membro do Comitê Central do PCB. É autor do livro O dilema de Hamlet: o ser e o não ser da consciência (Boitempo, 2002). Colabora para o Blog da Boitempo mensalmente, às quartas.

26 comentários em A suprema justiça do espetáculo: o mensalão, o circo e nenhum pão

  1. Obrigatório se eu quiser, oras! São libertários ou censuradores? // 12/12/2012 às 10:02 pm // Responder

    Mauro, você é […] inteligente, mas compactua com o lixo. Você é escória também. Não me venha falar de espetáculo do julgamento do mensalão e de ausência de provas. É de um nível de dissimulação sem precedentes. […] Ao invés de defender a sua ideologia, defende um bando […] que não representa esquerda […] nenhuma. Me envergonho destes meus ex-companheiros.

    [Este comentário foi editado pela equipe do Blog da Boitempo, extraindo termos ofensivos mas mantendo, na medida do possível, o teor da mensagem.]

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    • Oi companheiro,

      Você está tão bravo (sentimento que gosto muito) que esqueceu de ler o texto. Nāo me solidarizo com ninguém, mas vai aqui uma pergunta: quem você acha que, segundo meu juízo, é o palhaço que morre afinal? Eu falei de ausências de provas? Nāo lembro. Pelo contrário, digo que eles fizeram exatamente aquilo pelo qual sāo acusados.

      Obrigado pelo comentário. Continue bravo!

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    • Caro amigo “libertário ou censurador” eu acho que posso te ajudar. Estou com as tardes livres e, se você quiser posso lhe ajudar com algumas aulas de interpretação de texto. Pois me recuso a acreditar que você não conseguiu interpretar esse texto. Erro de conceito (“defender sua ideologia”), já é grave, más erro de interpretação não dá. O pior é que ainda saiu latindo como um cão raivoso,

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  2. Gostei do texto!

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  3. jessica santos feitosa // 13/12/2012 às 12:42 pm // Responder

    Grande Mauro Iasi! Parabens pela super produção de texto! Digno de ser lido e refletido!

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  4. Bons conceitos, formulados de uma forma ironica, sarcástica, mas real!

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  5. Interessante, corajosa e necessária reflexão, professor Mauro Iasi! Parabéns pelo texto!

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  6. “o signo não é uma simples reapresentação do real, ele reflete e refrata o real representado”

    Que passagem obscura e mal escrita. E há uma ambiguidade. Pode se interpretar que os signos são “reflexos” (assumo que a conversa sobre reflexão e refração seja metafórica) das coisas reais, mas que não representam-nas em virtude de serem reflexos perfeitos, pois podem também representá-las distorcidamente. Ou então pode se interpretar que os signos refratam as próprias coisas, isto é, distorcem as coisas que representam, aí a ideia seria a de que a maneira como você representa a coisa mudaria a própria coisa. Como é típico em passagens como esta, ficamos com uma interpretação banal (é muito razoável que as coisas possam ser representadas distorcidamente) ou com uma falsa (é muito implausível que o modo como as coisas são representadas determine como elas são de fato).

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    • Oi Leo,
      A frase, nāo é minha, é de Bakthin. Discordo de você, ela é precisa, em parte pelas próprias razões que você apresenta. O ponto mais profundo da análise remete a uma discussão de mais folego que não cabe aqui, sobre a relaçao entre forma e conteúdo, entre a psudoconcreticidade e as determinações do real. Dois bons caminhos para aprofundar tal tema: kosik e sua dialéticado concreto e as reflexões de Zizek sobre o sintoma.

      mauro iasi

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  7. Sim, muito bom, exato, no alvo: a grande farsa na qual estamos todos imersos, compartilhamos e fingimos acreditar – a “democracia” por representação.

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  8. Silvio Piovani // 14/12/2012 às 2:56 am // Responder

    Ótimo texto. E o livro também é ótimo, pelo que ouvi dizer. Ainda não o li embora tenha comprado.
    De qualquer forma, um ponto crucial que talvez não tenha sido destacado no texto, é que o projeto do PT para 2002 não visava à ruptura. Visava a um reformismo, provavelmente perto do limite mínimo da ideia, mas as propostas, à época, não eram as mesmas do passado anterior. A meu ver, enxergaram que, para alcançar o poder, e nele se manterem, teriam de jogar conforme as regras pré-estabelecidas no tal Estado Democrático de Direito Burguês, fossem as explícitas na Constituição, fossem as semi-explícitas apontadas por você no texto.
    A partir daí, o inconformismo com o espetáculo tem lógica, inclusive do ponto de vista legal.
    Interessante, no entanto, é notar que, muito embora aparantemente existam forças dominantes e condicionantes do pensamento, utilizando da ideia do espetáculo, se é que podemos admitir que haja alguém controlando as marionetes e enxergue por trás das cortinas, vivemos em uma época em que as tais forças entram em disputa e têm múltiplos pontos de vista, a ponto de visualizarmos num futuro a extinção de visões de “senso comum”, pelo menos em relação a um pacote opinativo fechado. Ainda somos capazes de prever reações, mas o caos informativo da Internet acaba por implicar em espectadores mais sensíveis a espetáculos de autores diferentes.
    Desculpe por talvez ter viajado muito. Parabéns pelo blog e pelo texto.

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  9. Grande Mauro Iasi, como é bom ver que a espada continua afiada.
    Abraços
    Cacinho

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  10. Thiago ferreira // 15/12/2012 às 1:15 pm // Responder

    Muito bom o texto do Mauro Iasi. Pelo título pensamos que será um defesa do PT, mas não, muito pelo contrário.
    Achei muito interessante a parte na qual o Mauro fala que PT foi golpeado quando esperava que tivesse a mesma retribuição que deu ao PSDB e coligados pelo silêncio do mensalão tucano nos anos 1990.
    Estes governos de coalizão ainda vão dar muita dor de cabeça à muita gente, no entanto para outros(as bancadas) será tratado como auge da democracia.

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  11. Em primeiro lugar, e, é bom lembrar, a burguesia tem que resigificar seus símbolos pelo qual ela usa contra os trabalhadores, e no caso do STF, faz este papel de justiceiro, e pior se é verdade que o PT charfundou na lama, também é verdade que sua traição respinga nos movimentos sociais como todo, e nos própios partidos de esquerda sofrem com esta guinada ideológica, não nos iludamos companheiros longe de acreditar na inocência de algumas figuras petistas, repito longe de acreditar na inocência de alguns dirigentes petistas, eles foram sentenciados sem provas, ou seja, um circo foi montado, é bom que nós que militamos em partidos de esquerda, e em movimentos sociais, estejamos atentos à isso. Um abraço!

    Marcos Tavares

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  12. Jose carolino tostes filho // 18/12/2012 às 12:54 pm // Responder

    Camarada Mauro Iasi,que belo texto,muito boa tua visao e analises de comportamentos,uma aula,o PT paga caro seus erros em relaçao as lutas de classes,a aboliu,tentou nos meandros social democrata,porem esqueceu das capacidades de seus aliados(cobras criadas e velhas raposas),um grande abraço camarada !

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  13. Bom texto, publiquei-o no meu blog.

    Escrevi um artigo refletindo sobre o que considero de equívocos que a esquerda brasileira vem praticando durante os governos petistas. É o olhar de um militante cuja crítica visa construir e não destruir ou desagregar.
    http://blogdomonjn.blogspot.com.br/2012/12/por-uma-luta-consequente.html

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  14. Caro prof. Mauro, o texto explica bem algo que tem sido uma das doenças sociais produzidas pelo capitalismo em sua forma atual, que é o espetáculo e suas relações econômicas auto-engrenantes. No entanto, fica uma pulga atrás da orelha. Me parece que o PT tem culpa no cartório, como todos os outros partidos envolvidos nessa compra de influências e no jogo eleitoreiro. Porém, o mensalão, além de ter sido muito bem explorado pela mídia, foi marcante na própria política de forças comuns. Foi algo estranho, despolitizado (como, aparentemente, qualquer julgamento se propõe), um fato novo no espetáculo geral agora incluíndo o poder judiciário no tablado. Diga-me, ele, o julgamento e seu veredicto, o espetáculo serviu realmente a uma catarse contextual do espectador? Foi um golpe articulado ou fazia parte do roteiro de atrações? O pior: quem sai ganhando com este ato? A mim não me pareceu algo isolado,mas sim uma expressão antiga à brasileira. Não haveria por trás a construção de um novo picadeiro reformado, mas com a velha direita e seus novos agentes protagonizando. Mais uma vez a pergunta: quem sai ganhando?

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    • Concordo com você que há o dedo da velha direita e suas novas personificações. Como o governo Lula decidiu-se por esse tipo de governabilidade o que implica em uma aliança de centro direita, trata-se de “fogo amigo”, uma disputa no interior do bloco conservador dominante que o PT resolveu disputar a direçāo.
      Sabemos que está presente o velho ódio de classe e a direita ao atacar o lulismo esta mirando em nossa classe. No entanto, essa é mais uma consequência da representaçao fetichizada, o seja,se os trabalhadores se movem para defender os interesses dos envolvidos aceitam que esses falam em seu nome.
      Bom, a passividade e a reaçāo, ou nāo reaçāo do PT demonstra a aceitaçāo tacita das regras do jogo. Quem perde? Primeiro qem esta envolvido diretamente, a classe trabalhadora já havia perdido antes quando o PT transitou para a gerencia do bloco dominante.

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  15. “Estatuto do Judiciário”, já! Deveriam clamar as vítimas do golpismo!!!

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  16. Fabrício Avelino // 17/11/2013 às 5:27 am // Responder

    Mauro Iasi lúcido, pontual, preciso, sem perder a poesia… há tempos esperava conhecer um líder assim!!!

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  17. Adorei o texto. Muito do que encontrei aqui, reafirma algumas das conclusões a que cheguei: o simulacro, a pantomima burlesca, a “ingenuidade” do PT em acreditar ter sido acolhido e aceito entre as elites… Acho até que o PT foi aceito sim – e bem vindo, visto que ter a direção do proletariado entre seus rankings é fundamental para as classes dominantes. Porém, os recém admitidos estão sempre em posição mais precária, em qualquer grupo; sendo assim, dá-los em sacrifício para manter o equilíbrio, é ato previsível. Penso que, em nossa sociedade, a tautologia do judiciário possui ainda uma particularidade: a leis escritas aqui são tão importadas, alienígenas e estranhas quanto os computadores. Apesar de termos computadores, não somos informatizados, algo parecido acontece com as leis. No trabalho, observo que os PCs são usados como máquinas de escrever – em conjunto com impressoras – porém, não há informatização dos processos de trabalho. No caso das leis, julgo haver um uso maior das regras não-escritas, consuetudinárias, ainda muito fortes e que sustentam nossa verdadeira República, informal, porém vigente: o Estado Patrimonialista.

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  18. Jose Pernambucano // 17/11/2013 às 5:47 pm // Responder

    Caro professor Mauro, entendi mais ou menos que o senhor é contra a burguesia, sou eu um semialfabetizado, não por não gostar de escola, mas por falta delas no meu tempo de infância cheia de pobreza e necessidade, gostei do texto, cheio de palavras bonitas, parece até uma linda poesia, mas afinal tudo poderia ser resumido em poucas palavras de um jeito em que 60% dos brasileiros sem cultura como eu, entenderiam melhor suas narrativas, tipo assim esses mensaleiros são criminosos, cadeia neles sem dó nem piedade, até porque eles possuem formação universitária seguido de pós graduação não podendo alegar nenhum desconhecimento em relação as regras da lei.

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    • Eduardo Galvão // 18/11/2013 às 5:34 pm // Responder

      Boa, José, gostei da sua resposta, prolixismo (se é que este termo existe) é a habilidade de disfarçar a falta de habilidade para se comunicar, é um “jeitinho” para camuflar seus reais interesses, uma coação social, um tipo de “171 psicológico coletivo”. Melancias adoram esta prática, investem na ignorância, na dissuasão, na esquiva e na pluralidade de interpretação para determinados textos. Ou seja, se cutucados por um lado apresentam outro (esquiva). No dia que os políticos falarem a língua destes 60% destes brasileiros que você menciona a coisa começa a melhorar. Enquanto isso os donos do poder, que estão muito acima de siglas e ideologias, estes se divertem com a briga de cores de camisas e continuam faturando. Acham os tolos destas siglas, estes que almejam apenas o poder, acham eles que detém o poder. Tolinhos. Abs

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  19. Francisco Julião Marins Bedê // 17/11/2013 às 6:23 pm // Responder

    Mauro Iasí, com todo o respeito, mas acho sua análise centralmente equívoca no que concerne ao episódio do julgamento.

    Esqueceu de contabilizar o fato de que a cúpula do PT não foi condenada pelo crime de caixa dois. Mas sim por um crime inventado chamado “Mensalão”, onde supostamente haveria um esquema diabólico de compra direta de parlamentares para se aprovar sabe-se lá o que.

    O que houve não foi o “teatro do governo burguês” operando normalmente e “pegando o PT desprevenido”. O que houve foi uma quebra do teatro burguês para derrotar e criminalizar a cúpula de um partido que, com todos os defeitos do mundo, ainda representa uma força progressista no país e ainda é algo de ataque e luta ferrenha por parte das forças hegemônicas no país.

    O nome disso, queira-se ou não reconhecer por discordância ou falta de simpatia para com o Pt, é luta de classes. As forças hegemônicas, representantes dos interesses das elites, orquestraram e implementaram, por dentro da institucionalidade, um ataque ao coração da cúpula do pt (que só se “regenerou”, não obstante os danos, graças à sorte e aos feitos do governo, além da habilidade política do Lula…)

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  20. jose adelson da silva miranda // 17/11/2013 às 7:38 pm // Responder

    Prof., sem igual!!! fiquei maravilhado com a forma e o conteúdo de seu texto. Sem mais, OBRIGADO!!!

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  21. Professor Mauro Iasi! Reflexão sincera e prudente. O PT nasceu, cresceu e ficou manco. Poderia ter sido diferente, mas ficou o mais no menos. Deu nisso e a hipocrisia burguesa o engoliu…mas a história continua.

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