Guia de leitura | Desde Fanon | ADC#57

Desde Fanon
Deivison Mendes Faustino e Muryatan Santana Barbosa

Guia de leitura / Armas da crítica #57

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Quem é Deivison Faustino?

Deivison Mendes Faustino é doutor em sociologia e professor da Faculdade de Saúde Pública da USP. Tem experiência com pesquisa, ensino e extensão nos temas capitalismo, colonialismo e racismo; pensamento antirracista; tecnologias digitais e sociedade; relações raciais e saúde e saúde digital. É autor de inúmeros livros e artigos sobre Frantz Fanon. Pela Boitempo publicou Colonialismo digital: por uma crítica hacker-fanoniana (2023), escrito em parceria com Walter Lippold — que também assina junto a Deivison o artigo “Frantz Fanon teórico da tecnologia digital” em Desde Fanon.

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Quem é Muryatan Barbosa?

Muryatan Santana Barbosa é doutor em História e professor da Universidade Federal do ABC (UFABC). É autor dos livros Guerreiro Ramos e o personalismo negro (Paco, 2015) e A razão africana: breve história do pensamento africano contemporâneo (Todavia, 2020), pelo qual ganhou o Prêmio Jabuti.

Reivindicar o intelectual-revolucionário

Em Desde Fanon, Deivison Faustino e Murytan Barbosa encaram a obra de um autor incontornável na árdua tarefa de desvendarmos e transformarmos o mundo corroído pelo complexo colonialismo-capitalismo.

Os autores recusam o Fanon dilacerado pelos anseios essencialistas que agrilhoam muitos dos bem-intencionados e sérios críticos do colonialismo e da modernidade eurocêntrica; recusam o desespero e o pessimismo que enredam muitos intelectuais e militantes nas próprias tramas coloniais que buscam negar.

Assim, reivindicam e dão frescor ao Fanon que se faz ainda mais necessário em nossos dias: o que acreditava na possibilidade da ação do oprimido pela ruptura com o estranhamento e com a interdição do ser resultantes da exploração; o intelectual-revolucionário cuja práxis foi efetivada na luta contra as correntes coloniais e capitalistas; o Fanon que levou às últimas consequências sua convicção na possibilidade de emergência de um ser humano novo.

Cristiane Sabino

Professora da Universidade Federal de Santa Catarina, atua no Programa de Pós Graduação em Serviço Social

Fanoniando…

Ao escrever este livro, uma pergunta nos perseguia: será óbvio o que significa pensar Desde Fanon? Tal objetivo não carregaria certas premissas? Por exemplo: o que é exatamente pensar desde um autor? E a partir de um autor? Ainda mais complexo: com um autor?

Embora os artigos possam ser lidos separadamente, eles possuem certa lógica: os dois primeiros buscam explorar interpretações possíveis que visam atualizar o pensamento fanoniano, destacando questões específicas de suas formulações intelectuais; os capítulos três e quatro tentam aplicar algumas dessas interpretações concretamente; os dois últimos textos dialogam com outros estudiosos de Fanon.

Um grande estímulo para a publicação deste livro veio do cenário caótico do Brasil, com endêmica ausência de visão de futuro. Cada vez mais subdesenvolvido e desindustrializado, este lugar chamado Brasil se vai afundando na barbárie neocolonial, que Fanon via nascer na grande maioria dos países africanos nos anos 1960. Dentro desse contexto, vale lembrar um dos adágios mais famosos de Fanon: “Cada geração deve, numa relativa opacidade, descobrir sua missão, cumpri-la ou traí-la”. Estes ensaios, no fundo, são reflexões nesse sentido.

[DESDE FANON, p. 8-10]

A redescoberta de Frantz Fanon

Durante as décadas de 1960 e 1970, Frantz Fanon ficou conhecido como um autor anticolonialista, tanto por sua adesão à Frente de Libertação Argelina (FLN) quanto pela publicação do livro Os condenados da terra (1961) — uma imagem que ficou cristalizada no belo prefácio de Jean-Paul Sartre ao referido livro. Poucos à época o viam como um teórico com potencial para tornar-se um clássico do pensamento social do século XX.

Tal percepção mudou desde então. Hoje, o pensamento do autor e militante martinicano é objeto de estudo multidisciplinar e global. E não se trata apenas de trabalho acadêmico, pois suas ideias continuam vivas nos movimentos sociais e políticos em lugares tão diversos quanto Estados Unidos, Itália, França, Palestina,
Caribe, Brasil e África do Sul.

Muryatan Barbosa em “Frantz Fanon e a configuração colonialista” [DESDE FANON, p. 11 e 22-23]

Uma abordagem histórica e sistêmica do racismo

Um tema de grande interesse, mas que mereceu pouco destaque entre os comentadores mais antigos do autor, é o paralelo que Fanon costumava fazer entre as sociedades coloniais e sociedades racistas não colonizadas ou pós-coloniais.

Um texto que merece destaque é “Racismo e cultura”, escrito por Fanon para o I Congresso dos Escritores e Artistas Negros, ocorrido em Paris em 1956. Nele, o autor começa com uma questão primordial: o racismo deve ser entendido desde uma abordagem sistêmica e histórica.

Em sua visão, o racismo é próprio de um processo de opressão, de desumanização e de hierarquização, uma “disposição inscrita num determinado sistema”. O colonialismo é certamente uma forma dessa dominação, mas não a única.

Muryatan Barbosa em “Frantz Fanon e a configuração colonialista” [DESDE FANON, p. 15, 19-21]

“Na medida em que é parte de um processo maior de desumanização – objetiva e subjetiva –, o racismo tem grande capacidade de introjeção e naturalização. Ele é a norma da sociedade.

Para ser funcional, o racismo precisa estar sempre se remodelando.”

MURYATAN BARBOSA

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Objeções de Fanon à dialética hegeliana

Em 1951, um jovem martinicano de 25 anos diagnosticava, em seu trabalho de conclusão de curso, um incômodo limite à dialética hegeliana: o reconhecimento, tal como observado por Georg Wilhelm Friedrich Hegel (1770-1831) ao se referir à sociedade civil burguesa, não se efetivaria em contextos coloniais.

A dialética do senhor e do servo é uma das chaves analíticas mais importantes da Fenomenologia do Espírito. Está implícita nessa formulação a dialética entre identidade e diferença em que a consciência se percebe e se constitui na relação com aquilo que lhe é ou parece ser exterior e, sobretudo, a ideia de um sujeito universal e autocentrado, que se constitui, se reconhece e autodetermina relacionalmente a partir da razão na história.

Tanto em Hegel quanto em Fanon a consciência de si é em si e para si porque é legitimada por outra consciência e, portanto, o movimento de reconhecimento pressupõe ir além do em si do próprio sujeito, identificando o seu ser no Outro. Ocorre que (…) em Hegel, em primeiro lugar, a consciência independente, que se afirma, é o senhor; e a dependente, que não se arriscou, é o servo, que vê seu ser subsumido, fora de si. Em segundo lugar, essa coisidade inessencial, atribuída ao último, é marcada por uma negatividade ontológica que o separa decisivamente do senhor.

Deivison Faustino em “Hegel, Fanon e a (suposta) interdição da dialética” [DESDE FANON, p. 29-31 e 36-37]

“As lutas de libertação protagonizadas pelos povos africanos a partir de meados da década de 1950 descortinaram para Fanon as possibilidades de superação, tanto do racismo como da exploração do homem pelo homem em geral, inaugurando assim um novo tempo histórico. Nos textos que o martinicano escreve a partir de então, a práxis revolucionária teria o poder de negar o estatuto colonial em todas as suas dimensões, restituindo a esse outro reificado a sua posição de sujeito, ascendendo, assim, de objeto inessencial a um novo homem.”

DEIVISON FAUSTINO

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Um século depois, ainda atual

Fanon dizia que a configuração colonialista era estruturada pela dominação policial, pelo racismo sistemático e por um processo de desumanização racionalmente perseguido, no qual a tortura é a norma.

Olhar desde tal ótica é perceber que o problema das relações coloniais entre os povos, ou seja, de conquistadores e conquistados, está muito além do sistema colonial que o originou. Portanto, ao se discutir essa questão, não se está falando apenas do passado, mas do presente de um sistema que se mantém pela desumanização de suas vítimas, por um processo que inclui exploração (de trabalho e biológica) e dominação (objetiva e subjetiva, ou seja, despersonalização).

Qualquer semelhança com a reprodução desse sistema em outras sociedades de conquista, para além das estritamente coloniais, portanto, não é mera coincidência.

Muryatan Barbosa em “Tortura e configuração colonialista”
[DESDE FANON, p. 87]

O mal-estar colonial

Ao investigar as cisões psíquicas que emergem sob a sociabilidade moderna, Sigmund Freud problematizou, em O mal-estar na civilização, a existência de uma tensão entre as pulsões e as regras sociais internalizadas pelos indivíduos em um dado contexto. Essa tensão — que segundo Freud seria pautada pela “substituição do poder do indivíduo pelo da comunidade” — é marcada por uma união libidinal dos indivíduos.

No entanto, essa união é também marcada por um desprazer provocado não pelas regras culturais em si, mas pelo conflito entre a sua interiorização e as agressividades pulsionais que compõem cada indivíduo. Assim, o enlaçamento social é, “desde sua origem, portador de sentimentos de destruição e agressividade com relação ao próximo. É essa agressividade, esse desejo de destruição do próximo que tem de ser cerceado. A lei
incide onde o desejo ameaça o social
”.

Para Freud, é na sociedade “ocidental” que a cultura, com suas leis, interdições e tabus, se apresentava mais desenvolvida e, portanto, mais dramática e diretamente relacionada ao aumento do sentimento de angústia, a insatisfação.

Em Fanon, essa exterioridade social sob a qual a subjetividade se constitui é a sociabilidade burguesa em suas instituições, crises e possibilidades de individuação e subjetivação. Mas ela emerge, se consolida e se universaliza desigualmente pelo globo terrestre a partir da violência colonial.

Deivison Faustino e Miriam Debieux Rosa em “Freud, Fanon e o mal-estar colonial” [DESDE FANON, p. 96-97 e 100-101]

“Distinguir processo civilizatório de manipulações sociais e políticas para o exercício de um poder coercitivo é fundamental para localizar os processos de constituição subjetiva e os modos como são cooptados pelo poder

DEIVISON FAUSTINO e MIRIAM DEBIEUX ROSA

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Resgatar o anticapitalismo fanoniano

Em Os condenados da terra, Fanon critica as possíveis desventuras do nacionalismo burguês em África, dando como referência explícita a experiência neocolonial dos países latino-americanos: “Por não ter ideias, por estar fechada em si mesma, apartada do povo, minada pela incapacidade congênita de pensar no conjunto dos problemas em função da totalidade da nação, a burguesia nacional vai assumir o papel de gerente das empresas do Ocidente e praticamente organizará o seu país como lupanar da Europa.”

Preocupado com o futuro que se delineava às novas nações africanas, Fanon tornou-se concomitantemente um agudo observador das relações coloniais, independentemente de sua manutenção como uma estrutura de poder, em sociedades coloniais ou neocoloniais, enquanto configuração colonialista, na América ou na Europa.

Nesse sentido, cabe, por exemplo, revalorizar a leitura fanoniana sobre o racismo, ou sobre as dicotomias entre o “mundo colonial” e o “mundo colonizado”, como espaços diferentes de vivência nas “cidades coloniais”. O próprio autor projeta que a continuidade das relações coloniais se colocaria também nas sociedades neocoloniais, para além da relação de dominação colonial entre países, metrópole e colônia.

Muryatan Barbosa em “Homi Bhabha leitor de Frantz Fanon”
[DESDE FANON, p. 138-139]

A revolução é essencialmente inimiga das meias medidas, dos compromissos, dos recuos.
Levada a termo, salva os povos; interrompida a meio caminho, causa sua perdição e consuma sua ruína. O processo revolucionário é irreversível e inexorável. O senso político ordena que não se obstrua sua marcha.”

FRANTZ FANON

em Escritos políticos

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Enfrentando o colonialismo digital

A teoria fanoniana nos auxilia a compreender o atual estágio de acumulação capitalista, em sua articulação violenta entre a mais alta tecnologia e a mais baixa condição de vida. A contradição entre produção coletiva e apropriação privada se intensifica sob a égide do capital em sua biquidade mundial, atualizando a máxima cyberpunk high tech, low life” em um cenário distópico, dominado por grandes corporações tecnológicas.

O colonialismo — como forma historicamente particular de expropriação — transcende a dimensão meramente geográfica para ser telepresencial. Os usuários de uma internet cada vez mais privatizada participam, muitas vezes sem saber, de um processo crescentemente invasivo de extração e processamento de dados. A datificação permite a criação de novos modelos de negócio e dispositivos de predição de comportamento. Em referência à violência originária que viabilizou as primeiras formas de expropriação capitalista, temos nomeado esse extrativismo de acumulação primitiva de dados.

Deivison Faustino e Walter Lippold em “Frantz Fanon teórico da tecnologia digital” [DESDE FANON, p. 149-150]

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Fanon foi um dos primeiros pensadores a analisar a dialética de dominação e libertação através da descolonização da tecnologia de comunicação.

A Revolução Argelina foi um grande laboratório de práticas de descolonização da linguagem, da tecnologia e da técnica. Experiências com mídia revolucionária, zines produzidos por guerrilheiros, jornais produzidos por um sujeito coletivo anônimo — Fanon tomou parte nisso. Em Sociologia de uma revolução, Fanon argumenta que a dialética da descolonização ocorre até mesmo no uso da língua do colonizador.

Fanon nos ensina que o horizonte anticolonial não estava nem na recusa nem na recepção passiva das tecnologias coloniais, mas sim na sua calibanização anticolonial em direção a uma emancipação humana desracializante, permitindo ao colonizado se reconhecer como parte da totalidade humano-genérica.

Deivison Faustino e Walter Lippold em “Frantz Fanon teórico da tecnologia digital” [DESDE FANON, p. 154 e 168]

“Toda vez que um ser humano fez aflorar a dignidade do espírito, toda vez que um ser humano disse não a uma tentativa de escravizar o seu semelhante, eu me solidarizei com o seu ato.”

FRANTZ FANON

Leituras complementares

Baixe os conteúdos complementares do mês em PDF!

Este mês trazemos a introdução de Deivison Faustino e Walter Lippold a Colonialismo digital; um artigo do marxista peruano José Carlos Mariátegui sobre a questão racial e as tarefas dos socialistas, publicado na Margem Esquerda #27; além de um capítulo de Geografia da abolição em que Ruth W. Gilmore discute os dilemas de uma atuação acadêmica militante.

Clique nos botões vermelhos abaixo para fazer o download!

Deivison Faustino e Walter Lippold

Colonialismo digital: por uma crítica hacker-fanoniana


José Carlos Mariátegui

O Ocidente e o problema dos negros


Ruth W. Gilmore

A mistura intelectuais-ativistas

Vídeos

Este mês trazemos o lançamento antecipado do livro com Deivison Mendes Faustino, Muryatan Santana Barbosa e mediação de Cristiane Sabino; o debate “Marx, Fanon e o anticolonialismo revolucionário“, com Jones Manoel e Priscilla Santos, realizado durante o Dia M 2021; uma apresentação dos Escritos políticos de Frantz Fanon feita por Deivison; além do clássico A batalha de Argel (1966), de Gillo Pontecorvo — uma das várias indicações de filmes para pensar a vida e obra do revolucionário martinicano publicadas pelo Blog da Boitempo.

E tem mais! Para os assinantes do Armas da Crítica, a TV Boitempo disponibiliza em primeira mão a íntegra do debate com a filósofa Marilena Chaui, autora de Ideologia: uma introdução, ocorrido durante A Feira do Livro.


Para aprofundar…

Compilação de textos, podcasts e vídeos que dialogam com a obra do mês.

Rádio Boitempo: Conversas camaradas #12: Luta anticolonial e democracia, com Juliana Borges e Walter Lippold, nov. 2023.

Rádio Boitempo: Megafone #6: Deivison Faustino lê O CAPITAL, de Karl Marx, com Deivison Faustino, nov. 2022.

Ilustríssima conversa: Obra de Fanon questiona o identitarismo branco, com Deivison Faustino e Eduardo Sombini, mar. 2022.

Ilustríssima conversa: Compromisso com a descolonização marca história do pensamento africano, com Muryatan Barbosa e Eduardo Sombini, ago. 2020.

Fora de foco: #28 Marx, marxismos e a África, com Muryatan Barbosa, fev. 2019.

Economia Política Mundial – UFABC: União Africana: desafios e perspectivas, com Muryatan Barbosa, abr. 2025.

Diário de um intelectual de Terceiro Mundo: A Guerra do Contestado, com Douglas Barros, jul. 2025.

Para escutar enquanto lê: Rap français – old school, playlist com clássicos do hip-hop francês, ritmo fortemente influenciado pela imigração árabe, especialmente argelina.

Quem foi Frantz Fanon?, com Douglas Barros, TV Boitempo.

Os escritos políticos de Frantz Fanon, com Deivison Faustino, Talíria Petrone e João Carvalho, TV Boitempo.

Por que ler Fanon, com Deivison Faustino, Priscilla Santos e Geni Núñez, TV Boitempo.

Questão racial e crítica ao marxismo eurocêntrico, com Muryatan Barbosa e Marcilia Brito, Canal do Jones Manoel.

O negro no mundo intelectual brasileiro, com Jones Manoel, TV Boitempo.

A inteligência artificial é neutra?, com Deivison Faustino, TV Boitempo.

A liberdade é uma luta constante [legendado], com Angela Davis, TV Boitempo.

Playlist: Escritos políticos, Frantz Fanon, TV Boitempo.

O afropessimismo falsifica Fanon“, por Douglas Barros, Blog da Boitempo, mai. 2025.

Frantz Fanon e o cinema“, por Alysson Oliveira, Blog da Boitempo, jul. 2025.

Tomar para si a própria história: os escritos políticos de Fanon“, por Talíria Petrone, Blog da Boitempo, jun. 2021.

Por um Fanon revolucionário“, por João Carvalho, Blog da Boitempo, jul. 2019.

Pele negra, alucinações brancas: capitalismo, IA e racialização“, por Deivison Faustino e Walter Lippold, Blog da Boitempo, mar. 2024.

O real sentido da política revolucionária negra“, por Marcos Queiroz, Blog da Boitempo, abr. 2025.

O dia em que Frantz Fanon encontrou um “marxista puro” – ensaio contra o teoricismo“, por Jones Manoel, Blog da Boitempo, ago. 2019.

Fanoniando” [resenha de Desde Fanon], por Redação, Quatro cinco um, jul. 2025.

A psicopatologia do tecido social em Frantz Fanon: a dupla negação da identidade e da alteridade“, por João Carvalho, Blog da Boitempo, jun. 2020.

A edição de conteúdo deste guia é de Carolina Peters e as artes são de Mateus Rodrigues.