Guia de leitura | A educação ambiental anticapitalista | ADC#52

A educação ambiental anticapitalista:
produção destrutiva, trabalho associado e agroecologia
Henrique Tahan Novaes

Guia de leitura / Armas da crítica #52

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Quem é Henrique Tahan Novaes?

Docente da Universidade Estadual Paulista (Unesp), no campus de Marília, Henrique Tahan Novaes foi coordenador da pós-graduação em educação de 2022 a 2024.

Além de A educação ambiental anticapitalista, publicado pela Boitempo em 2025, é autor dos livros Mundo do trabalho associado e embriões de educação para além do capital (Lutas Anticapital, 2018), O fetiche da tecnologia – a experiência das fábricas recuperadas (Expressão Popular, 2007) e Reatando um fio interrompido – a relação universidade movimentos sociais na América Latina (Expressão Popular, 2012), que foram também publicados em inglês, espanhol e italiano.

“A conquista da terra na América Latina pelos camponeses, indígenas, quilombolas e trabalhadores rurais somente se dará dentro de um quadro revolucionário. Na falta dele, como vimos, a agenda agroecológica dos movimentos sociais irá avançar a passos lentos, muito provavelmente na forma de um ecocapitalismo tolerado pelas classes dominantes, ou na forma de um agronegócio ‘verde’.”

HENRIQUE TAHAN NOVAES

Romper a lógica do agronegócio

A reforma agrária não é apenas uma política de redistribuição de terras, mas um instrumento para transformar a estrutura agrária, “salvar” o planeta e assegurar a dignidade de milhares de famílias camponesas. Já a agroecologia, por sua vez, rompe a lógica do agronegócio – centrada na monocultura, no uso intensivo de agrotóxicos e na mercantilização da terra – e a substitui por práticas sustentáveis que respeitam os ciclos naturais e promovem a diversidade. Mais que uma técnica de produção, trata-se de uma forma de vida que valoriza o conhecimento tradicional das pessoas do campo e estabelece uma relação equilibrada entre os seres humanos e toda a biodiversidade.

Se a luta pela reforma agrária é também uma luta por democracia – pois por meio dela se constrói uma sociedade mais igualitária e com maior justiça ambiental –, a transição agroecológica representa uma proposta concreta de transformação social que beneficia aqueles que dela estão excluídos.

Gilmar Mauro

Cientista social e membro da Coordenação Nacional do MST

“Dentro dos marcos do capitalismo, a agroecologia alcançou seu limite – e isso nos indica que, sem uma reforma agrária popular, não haverá transição agroecológica mais substantiva. A humanidade não pode mais esperar.”

GILMAR MAURO

Para conhecer a agroecologia ecossocialista

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) é o maior movimento de massa do mundo em prol da reforma agrária. Ele tem sua base na ocupação de milhares de latifúndios e tornou-se famoso em todo o mundo por sua luta contra a injustiça social e a destruição ecológica. Os movimentos de massa históricos que visam à mudança revolucionária, se tiverem algum grau de sucesso, inevitavelmente se tornam foco de novas ideias revolucionárias. No caso do MST, ele combinou a luta por justiça social e reforma do meio rural no Brasil com uma crítica à destruição capitalista do meio ambiente, tornando-se um laboratório de agroecologia e ecossocialismo, confrontando diretamente a era da crise ecológica no Brasil e no mundo em geral.

O extraordinário poder de A educação ambiental anticapitalista deriva de sua capacidade de combinar as ideias mais importantes sobre agroecologia, ecossocialismo e pedagogia socialista no Brasil e no mundo, juntamente com as práticas de movimentos sociais concretos voltados para a constituição da sociedade em geral, em especial do MST. Trata-se, portanto, uma tentativa de explorar tanto a teoria quanto a prática ecorrevolucionárias. A síntese resultante é única em sua fundamentação na luta pela própria terra, combinada com uma visão ampla da mudança ecológica e social revolucionária.

John Bellamy Foster

Professor de sociologia na Universidade de Oregon e editor da Monthly Review.

“‘O rio que divide as pedagogias do capital e as pedagogias do trabalho’, escreve o autor, é a chave para travar a luta de classes ecológica. Em um lado do rio estão as pedagogias de deseducação utilizadas atualmente pelo capital. Em oposição a elas estão as pedagogias de emancipação promovidas pelo trabalho social.”

JOHN BELLAMY FOSTER

Luta pela terra e emancipação humana

Surgidas nas entranhas do “sociometabolismo do capital”, as novas formas de produção e de vida têm um enorme potencial emancipatório. Elas podem avançar rumo a uma economia comunal, mas também podem rapidamente se esgotar ou se adaptar, caso os trabalhadores do mundo inteiro não saiam da defensiva.

As lutas do MST para a materialização da agroecologia nos mostram, na teoria e na prática, a potencialidade da soberania alimentar, da reforma agrária popular e agroecológica, da igualdade de gênero no campo, do trabalho associado, da produção de alimentos saudáveis e da educação para além do capital. Mas, ao mesmo tempo, guardam inúmeras contradições e limites.

Cabe lembrar que os quatro séculos de latifúndio não regem apenas a inserção econômica dependente e associada de nossa burguesia nativa, mas também exercem o comando político na integração de nosso subsistema econômico ao sistema capitalista mundializado. Esse comando político impede ou dificulta as lutas dos movimentos sociais por terra, educação, saúde, trabalho digno, defesa do meio ambiente etc. Portanto, é possível relacionar a questão agrária com a educacional, ambiental, trabalhista e muitas outras.

[A EDUCAÇÃO AMBIENTAL ANTICAPITALISTA, p. 9-10]


“O MST é um dos movimentos sociais mais importantes da atualidade porque combina inúmeras lutas: a luta pelo direito à terra com as lutas ambientais, as lutas pelo direito ao trabalho não explorado com as lutas pelo direito à vida, as lutas internacionais com as lutas nacionais, a luta imediata com a luta por outra sociedade, a luta de classe com a luta de gênero.”

[A EDUCAÇÃO AMBIENTAL ANTICAPITALISTA, p. 12]

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Atualidade da acumulação primitiva

É bastante conhecida a história do Brasil e seu papel na divisão internacional do trabalho desde o século XVI. […] Nascemos para o capitalismo como uma grande colônia de exploração, onde tudo que se produz se “exporta”, e tudo de que se necessita se importa (pacto colonial). Aqui nasceu a grande propriedade da terra produtora de açúcar, baseada no trabalho escravo, sem amarras para a livre exploração do trabalho.

O roubo e o cercamento de terras na América a partir do século XVI é certamente um dos períodos mais violentos da história da humanidade. Pizarro, um baixinho espanhol, pode ser considerado um dos maiores assassinos da história. Ele e seus comparsas exterminaram cerca de 5 milhões de indígenas americanos. A história da América colonial é banhada em rios de sangue e matanças em nome
da “civilização dos povos bárbaros”, no caso, os indígenas.

[A EDUCAÇÃO AMBIENTAL ANTICAPITALISTA, p. 30-31]

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A história do cercamento e do roubo de terras no Brasil ganha outro capítulo no fim do século XIX e início do século XX, com as políticas de colonização […]. Nos anos 1950-1960, o capitalismo mundial passa por uma nova reestruturação. No Brasil, vão surgir inúmeras lutas por reforma agrária “na lei ou na marra”. O golpe de 1964 dá início a um longo processo de expropriação de terras. A nova fase da acumulação primitiva no Brasil apareceu sob o pomposo nome de “nova fronteira agrícola”. Integrar para não entregar a Amazônia, ocupar os territórios do Norte para não deixar que os gringos os roubassem eram as palavras de ordem de um suposto nacionalismo para a Amazônia.

A marcha incessante do capital ganhou novos ares nos governos do lulismo. A linha principal do lulismo para o campo, como sabemos, foi a de fortalecimento do agronegócio, inclusive com uma nova expansão das usinas de etanol e açúcar, ainda que algumas políticas de fortalecimento dos assentamentos tenham sido realizadas.

A expansão da soja no Centro-Oeste empurrou a criação de gado em larga escala para o Norte. Surgiu uma nova fronteira agrícola chamada de Mapitoba, em referência à expansão do capital agrário financeiro rumo aos estados do Maranhão, Piauí, Tocantins e Bahia. Os desdobramentos dessa política de fortalecimento do agronegócio são também bastante conhecidos. Os assassinatos no
campo mais que dobraram nos últimos dez anos
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[A EDUCAÇÃO AMBIENTAL ANTICAPITALISTA, p. 31-32]

“O único fator-chave na reativação do debate sobre os cercamentos de terras é sem dúvida a própria globalização neoliberal. Uma enorme rodada de despossessão e acumulação está em curso atualmente, implicando o assalto global aos direitos consuetudinários, a transformação de recursos de uso comum em propriedade privada e a implantação de mecanismos de mercado em todos os aspectos da vida social.”

STEVE EDWARDS

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Renovar o marxismo
é urgente!

O marxismo do século XX ignorou ou subestimou a questão ambiental. As ideologias do progresso técnico de alguma forma contaminaram até mesmo autores marxistas e partidos de esquerda.

Acreditamos que o “diagnóstico” da nova geração de intelectuais marxistas ambientalistas difere radicalmente dos diagnósticos do marxismo do século XX – e sem dúvida da análise dos intelectuais da ordem do capital. Em grande medida se diferenciam também dos relatórios da ONU para o meio ambiente.

As contribuições de John Bellamy Foster, Michael Löwy, Kohei Saito, István Mészáros, Ricardo Antunes, Luiz Marques, Paulo Arantes, Maria Orlanda Pinassi, entre outros, estão sendo fundamentais para a renovação do “marxismo ambiental”.

[A EDUCAÇÃO AMBIENTAL ANTICAPITALISTA, p. 42 e 44]

“Nada como uma longa crise, e dentro dessa crise uma brutal crise ambiental, para colocar a questão da natureza na ordem do dia.”

[A EDUCAÇÃO AMBIENTAL ANTICAPITALISTA, p. 43]

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A crise estrutural do capital é também ambiental!

István Mészáros vai dizer que desde 1970 estamos enfrentando uma longa crise estrutural – que se diferencia da crise conjuntural e passageira.

Sua perspectiva é a da busca de uma alternativa radical e abrangente ao sociometabolismo do capital, tendo em vista a construção de uma sociedade governada pelos produtores livremente associados. Para Mészáros, a questão
ambiental se tornou chave no século XXI.
Ela é uma das dimensões da crise estrutural do capital. Ele estudou a fundo a era da barbárie, isto é, as mudanças profundas ocasionadas pela reestruturação produtiva, pela destruição parcial ou completa do Estado de bem-estar social e a total liberdade dada ao capital financeiro. Também fez contribuições para a crítica à “revolução verde”.

Para Mészáros, um conceito marxista que deve ser reavaliado é o de “avanço produtivo do capital”. As forças produtivas tornaram-se destrutivas.

[A EDUCAÇÃO AMBIENTAL ANTICAPITALISTA, p. 43 e 50-51]

“A lógica expansiva, de acumulação de capital a qualquer custo, e mais recentemente em sua forma fictícia, tem produzido e produzirá mais e mais crimes ambientais (e não desastres ambientais).”

[A EDUCAÇÃO AMBIENTAL ANTICAPITALISTA, p. 52]

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A (contra)revolução verde

A ideologia e a prática do progresso técnico na agricultura passam a ser a mais nova forma de dominação exercida pelo capital. Aquilo que poderíamos chamar de “economia política da revolução verde” ou “economia política do golpe verde” pode ser assim descrito: concentração da terra, fusões e aquisições no ramo das sementes, domínio quase completo da produção e distribuição por algumas grandes corporações dos países do Norte, ausência de autonomia dos produtores, financeirização das grandes corporações etc.

A tendência para a monocultura, provocada pela especialização das culturas e a importação de adubos externos à empresa agrícola, predominantemente químicos, provoca a exploração unívoca dos recursos do húmus, ou seja, da fertilidade estável do terreno, e o desenvolvimento anormal de insetos parasitas; também intensifica a dependência em relação ao mercado, o aumento dos custos com transporte dos produtos, sua consequente deterioração e necessidade de conservação química dos mesmos.

A especificidade do caso latino-americano é de que a revolução verde foi posta em execução dentro de processo de contrarrevolução iniciado pelas ditaduras militares que recompuseram o poder da América Latina rural.

Isso gerou um enorme custo social: êxodo rural e custos ambientais, pois os agrotóxicos afetam os produtores, as pessoas, contaminam a água, o solo e diminuem as florestas; e por consequência diminuem as águas e afetam o clima, mudando-o com veranicos, estiagem e ondas de frio e calor fora de época.

[A EDUCAÇÃO AMBIENTAL ANTICAPITALISTA, p. 59 e 61-62]

“A agroecologia passou a fazer parte do vocabulário dos movimentos sociais tanto pelo desejo de produzir alimentos saudáveis como, nesse caso na defensiva, pelos enormes custos que a agricultura convencional vem acarretando.”

[A EDUCAÇÃO AMBIENTAL ANTICAPITALISTA, p. 70]

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Por uma educação ecorrevolucionária

Buscando articular trabalho, educação, escola e comunidade, a proposta educativa dos cursos de agroecologia desenvolvida nos centros de agroecologia do Movimento dos Trabalhadores Ruais sem Terra, além da pedagogia do MST, tem como referência o conceito de “trabalho socialmente necessário” desenvolvido pela pedagogia socialista de Viktor Shulgin.

Dessa forma, o trabalho socialmente necessário se fundamenta numa nova vida escolar, distinta de adestramento das mãos e/ou como método de ensino, mas como algo ligado orgânica e estreitamente com o ensino. Busca superar os limites da situação imediata, possibilitando o conhecimento da vida e das mais diversas formas de produção.

[A EDUCAÇÃO AMBIENTAL ANTICAPITALISTA, p. 116]

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Reforma agrária, dívida da democracia

As lutas e resistências ao trabalho escravo e contra as mazelas do monopólio da terra fazem parte da nossa história. Diversas experiências de resistência – como o Quilombo dos Palmares (que durou cerca de um século até ser finalmente destruído em 1695), Canudos (1886-1887), Cabanagem (1835-1840), Contestado (1912-1916) e Ligas Camponesas (sobretudo nos anos 1947 e 1964) – foram duramente reprimidas pelo Estado brasileiro, representante do pacto entre as elites conservadoras latifundiárias e o capital estrangeiro.

O surgimento do MST e de outros movimentos sociais que impulsionaram o processo de “redemocratização” do país nos anos 1980, através da ação direta dos trabalhadores e trabalhadoras (com a tática de ocupação do latifúndio improdutivo), recolocou a luta pela terra como algo latente no cenário do Estado brasileiro, o qual, mesmo reprimindo duramente essas lutas, não conseguiu conter a reorganização da classe trabalhadora no campo.

[A EDUCAÇÃO AMBIENTAL ANTICAPITALISTA, p. 146-147]

“O controle produtivo-econômico do agronegócio vai se manifestar nos aparelhos reprodutivos, políticos e ideológicos. No que se refere ao Judiciário, não são poucos os estudos que demonstram as mil e uma manobras para retardar a criação de assentamentos, para questionar os já existentes e para dificultar ou bloquear o surgimento de novos.”

[A EDUCAÇÃO AMBIENTAL ANTICAPITALISTA, p. 143]

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O potencial emancipatório do trabalho associado

O mundo do trabalho associado, com sua riqueza e miséria, bem como suas contradições, avanços e limites, já faz parte da realidade concreta dos movimentos sociais. Fábricas recuperadas no Brasil, na Argentina, experiências de cooperação e de cooperativismo do Movimento Sem Terra, experiências dos mutirões e cooperativas de trabalho dos sem-teto no Uruguai, pequenas unidades produtivas de costureiras, catadores e catadoras, dentre outras.

Acreditamos que, em alguma medida, elas sinalizam a possibilidade e a urgente necessidade de alteração radical do sentido do trabalho. São formas de trabalho que embrionariamente possuem potencial emancipatório, mas que também reproduzem algum tipo de degradação do trabalho e subordinação direta ou indireta ao capital.

Mesmo observando esses limites e contradições, temos nos ocupado em analisar as positividades nas negatividades das experiências de produção associada e educação alternativa dos movimentos sociais latino-americanos. Elas de alguma forma antecipam, ainda que em um microcosmo e com as negatividades destacadas nas linhas anteriores, as novas formas de produção da sociedade futura. Porém, sem uma autogestão completa da sociedade pelos produtores livremente associados ou o progressivo controle da produção e reprodução da vida, as iniciativas isoladas de produção associada serão – na melhor das hipóteses – apenas exemplos de uma forma alternativa de produção.

[A EDUCAÇÃO AMBIENTAL ANTICAPITALISTA, p. 166 e 170]

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Lições da pedagogia socialista

Em linhas gerais, a sociedade de classes criou uma educação para os filhos da burguesia e as classes médias diferente da educação dos trabalhadores, isto é, a sociedade de classes capitalista criou distintos papéis na produção para os trabalhadores e para os capitalistas e seus gestores.

O pilar fundamental da pedagogia soviética é a luta pela emancipação do trabalho e o papel da escola nesse processo. No plano teórico, estava em jogo a necessidade de construção de uma sociedade não mais baseada na exploração do trabalho, tendo em vista o que Marx chamava de “autogoverno pelos produtores livremente associados”.

[A EDUCAÇÃO AMBIENTAL ANTICAPITALISTA, p. 182-183]

“A escola politécnica diferencia-se de uma escola profissional por ter o centro de gravidade na compreensão dos processos de trabalho, no desenvolvimento da capacidade de unir num todo único teoria e prática, na capacidade de compreender a interdependência dos fenômenos conhecidos, enquanto que o centro de gravidade da escola profissional passa pela capacitação dos estudantes em habilidades de trabalho.”

NADIÉJDA KRÚPSKAIA

“Se a forma escolar capitalista forma para relações dominação, de mando e de submissão, é preciso exercitar uma nova forma escolar, na qual se vivencie a auto-organização.”

[A EDUCAÇÃO AMBIENTAL ANTICAPITALISTA, p. 185]

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Um programa revolucionário
para o século XXI

O capitalismo real nos mostra todos os dias que a sociedade comandada pelo capital é irracional. Ela produz desemprego e subemprego crônicos, produz colapso ambiental, fome e miséria, violência social e institucionalizada que se fortalecem mutuamente, crises de superprodução, guerras de largo alcance (como as duas guerras mundiais) e guerras preventivas ou de “baixa intensidade”. O capitalismo reproduz e se utiliza das hierarquias entre os sexos. Gera trabalho explorado nas mais variadas formas: análogo à escravidão, taylorista-fordista, trabalho flexplorado, terceirizado, uberizado. Leva também a intensos processos de migração e expulsão de jovens de seus países. Por sua vez, o socialismo real nos mostrou que a extinção da propriedade privada dos meios de produção não necessariamente leva ao nascimento de novas relações sociais comunistas. Um dos legados do século passado foi a compreensão de que capitalismo de Estado ou privado não são opções para o século XXI.

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Nas lutas pelos direitos humanos fundamentais, começam a surgir ações práticas e bandeiras em torno da autogestão (ampla), do trabalho associado, pela desmercantilização da vida, pela propriedade comunal ou coletiva dos meios de produção, pela democracia radical, pela igualdade substantiva, pela educação para além do capital, pelo direito à cidade, pela soberania alimentar, pela terra de trabalho (e não de negócios), pela agroecologia, entre outras.

É verdade que essas lutas ainda são difusas e esparsas, sem um sentido ou direção comum contra o sociometabolismo do capital. Também é verdade que as trabalhadoras e trabalhadores sabemos o que não queremos, mas ainda não sabemos muito bem para onde caminhar. Falta uma teoria revolucionária que nos ajude na caminhada revolucionária do século XXI.

[A EDUCAÇÃO AMBIENTAL ANTICAPITALISTA, p. 189-190]

Leituras complementares

Baixe os conteúdos complementares do mês em PDF!

Este mês trazemos um capítulo de Terra viva, de Vandana Shiva, uma entrevista de John Bellamy Foster à revista Margem Esquerda, além de um ensaio da pedagoga soviética Nadiéjda Krúpskaia, publicado na antologia A revolução das mulheres.

Clique nos botões vermelhos abaixo para fazer o download!

Vandana Shiva

Biodiversidade: uma perspectiva do terceiro mundo


John Bellamy Foster

Entrevista concedida a Fabio Mascaro Querido, Maria Orlanda Pinassi e Michael Löwy


Nadiéjda Krúpskaia

Deve-se ensinar “coisas de mulher” aos meninos?

Vídeos

Este mês trazemos o lançamento antecipado do livro com Henrique Tahan Novaes, Lia Tiriba e Maurício Sardá de Faria; o debate “Marx era ecologista?”, em que Luis Marques, José Correia Leite, Camila Moreno e Isabel Loureiro discutem a relação entre capitalismo e bens comuns; e a playlist completa do curso “Introdução a István Mészáros”, referência teórica central em A educação ambiental anticapitalista. Compartilhamos também o documentário Terra para Rose (1987), de Tetê Moraes, que retrata a luta do MST, investigando as políticas de reforma agrária no Brasil.

Para aprofundar…

Compilação de textos, podcasts e vídeos que dialogam com a obra do mês.

Para além do capital, de István Mészàros

A educação para além do capital, de István Mészàros

Terra viva: minha vida em uma biodiversidade de movimentos, de Vandana Shiva

Os despossuídos, de Karl Marx

O capital no antropoceno, de Kohei Saito

O ecossocialismo de Karl Marx, de Kohei Saito

Abundância e liberdade, de Pierre Charbonier

A crise estrutural do capital, de István Mészàros

Enfrentando o Antropoceno, de Ian Angus

Margem esquerda #42 | Crise ecológica

Margem Esquerda #41 | Terra arrasada

Rádio Boitempo: Conversas camaradas #13: Enfrentando a crise climática, com Thiago Torres e Ingrid Sateré Mawé, dez. 2023.

Opera Mundi: Capitalismo verde ou ecossocialismo?, com Michael Löwy, dez. 2022.

Em Movimento: O que é ecossocialismo?, com Michael Löwy, set. 2022.

Podcast Anpof: Antropoceno e colapso ecológico, com Alyne Costa e Susan de Castro, set. 2021.

Tese Onze: Dicas de leitura em ecossocialismo, com Sabrina Fernandes, jun. 2021.

Filosofia Pop: #054 Ecossocialismo, com Sabrina Fernandes, dez. 2017.

A questão política
decisiva do século XXI,
com Michael Löwy,TV Boitempo.

Feminismo, comuns e ecossocialismo, com Silvia Federici e Sonia Guajajara, TV Boitempo.

Marx e o ecossocialismo, com Kohei Saito e Sabrina Fernandes, TV Boitempo.

Catástrofe ambiental e a lógica capitalista, com Virginia Fontes, TV Boitempo.

O que é ecossocialismo?, com Michael Löwy, TV Boitempo.

Marx se preocupou com a ecologia?, com Michael Löwy, TV Boitempo.

Marxismo, capitalismo e ecologia, com Ana Paula Salviatti, Arlindo Rodrigues, Luiz Marques e Michael Löwy, TV Boitempo.

Marx e o meio ambiente, com Michael Heinrich, TV Boitempo.

Como unir marxismo e ecologia?, com Silvia Federici, TV Boitempo.

O que é agroecologia?“, por Henrique Tahan Novaes, Blog da Boitempo, fev. 2025.

5 livros para pensar uma educação anticapitalista“, por Blog da Boitempo, fev. 2025.

A preocupação ecológica de Marx para a superação da ordem capitalista destrutiva“, por Murillo van der Laan, Blog da Boitempo, mai. 2021.

O que é imperialismo ecológico?“, por Maria Orlanda Pinassi, Blog da Boitempo, set. 2024.

O fim do capitalismo como alternativa ao fim do mundo“, por Alexandre Araújo Costa, Blog da Boitempo, out. 2023.

Ecodecálogo: dez mandamentos para salvar a vida neste planeta“, por Michael Löwy, Blog da Boitempo, jun. 2023.

De quem é realmente a culpa da crise climática?“, por Kohei Saito, Blog da Boitempo, set. 2024.

Verbete “MST“, Enciclopédia latinoamericana.

A edição de conteúdo deste guia é de Carolina Peters e as artes são de Mateus Rodrigues.