Eleições 2018: a armadilha do voto útil e o desafio da esquerda

O tacanho raciocínio do chamado “voto útil” funciona como uma cortina de fumaça que esconde aspectos importantes da conjuntura e, principalmente, dos cenários futuros deste triste e atacado país.

Por Mauro Luis Iasi.

“Bençãos e desgraças
vem sempre no horário.
Tudo o mais é plágio”
Paulo Leminski

Pouco a pouco o chamado voto útil vai virando uma instituição da República. Dizia-se que ao se praticar o pleito em dois turnos isso desapareceria, uma vez que assim o cálculo do “mal menor” ficaria reservado para o segundo turno, garantindo um voto com base em convicções e preferências no primeiro. Esqueceu-se no entanto que nesta República faltam convicções.

Há muito tempo atrás, o PT propôs o voto útil em Covas, do PSDB, para derrotar Paulo Maluf – posição com a qual nós, na época dentro do PT, discordamos publicamente. Isso inaugurou a catastrófica dinastia de décadas dos tucanos em São Paulo, enquanto vimos Maluf se aliar à coligação dos petistas. As últimas versões de voto útil tiveram também resultados duvidosos. Basta lembrarmos das eleições de 2014.

É certo que o quadro é desalentador e a última pesquisa do Ibope, divulgada no dia 11 de setembro (o que esperar de algo que ocorre nesse dia fatídico) não ajuda muito aos vendedores de esperança. Resumidamente, Lord Voldemort estaria no segundo turno com cerca de 20% das intenções de voto; Ciro, Marina e Alckmin empatados tecnicamente; Haddad, agora candidato, com 8%; Álvaro Dias e os dois banqueiros, empatados com 3%; Vera Lúcia e Boulos empatados tecnicamente com algo em torno de 1% das intenções de voto.

Neste cenário, a questão candente passa a ser: quem vai para o segundo turno contra o coisa ruim? Os números da pesquisa indicam um empate desconcertante quando o confronto é contra Ciro ou Alckimin (com pequena vantagem a favor dos dois em relação ao dito cujo), mais ainda com Marina (empate mesmo) e com Haddad (pequena desvantagem em relação ao coiso). Frisemos esse dado de momento: Ciro ganha e Haddad perderia para o inominável.

O argumento que tenta se consolar com o fato de que Haddad teria “entrado agora” na campanha é falacioso, uma vez que todo mundo sabia que a candidatura de Lula era um blefe e que o PT ia mesmo de plano B. A questão central é a suposta capacidade de transferência de voto, a partir de agora, do ex-presidente para o candidato do PT, uma vez que nas últimas pesquisas ele tinha a preferência de mais de 40% dos entrevistados e despontava em primeiro lugar.

Ninguém acredita, nem mesmo os petistas mais eufóricos, que tudo será transferido, mas consolam-se com o fato de que é necessário apenas uma parte dessa preferência – o suficiente para passar ao segundo turno. A vida ou as urnas dirão, mas do pouco que se sabe de comportamento eleitoral duas coisas parecem evidentes: voto com muita dificuldade se transfere, e carisma pessoal nunca se transfere. E é aí que reside o problema. Deve-se indagar se as intenções de voto dedicadas ao ex-presidente resultam de sua liderança carismática ou da adesão a projetos políticos e eleitorais. Pois parece evidente que elas se explicam muito mais a partir da primeira do que a partir da segunda.

O mais provável é que essa intenção de votos agora se divida entre as alternativas colocadas. Isto é, parte para Haddad, parte para Ciro, e, não se enganem, parte para o coisa ruim. É interessante notar que o discurso do voto útil (no espectro da centro-esquerda), numa análise de momento, acaba se virando contra o PT e seu candidato e beneficia Ciro Gomes, não somente pelo fato dele estar à frente nas pesquisas, como pela avaliação de que num eventual confronto no segundo turno, parece se sair melhor do que o ex-prefeito de São Paulo. A contradição aqui é evidente. Se é verdade que a prioridade é derrotar o neofascista, a candidatura de Haddad, atrapalha quem supostamente poderia ter mais chances de derrotá-lo.

É por tudo isso que, concordando com o poeta, não devemos tentar burlar as “bênçãos e as desgraças” numa espécie de plágio do destino. O tacanho raciocínio do chamado “voto útil” funciona como uma cortina de fumaça que esconde aspectos importantes da conjuntura e, principalmente, dos cenários futuros deste triste e atacado país.

É fato que o retrocesso e o ataque brutal aos direitos dos trabalhadores depois do golpe institucional, parlamentar e midiático de 2016, aliado a uma reação popular insuficiente para enfrentá-lo, gerou o trágico cenário no qual golpismo tem dificuldade em se legitimar por um resultado eleitoral que afastasse o risco incômodo da extrema direita, a centro-esquerda tem dificuldades em remendar o pacto de classes esgarçado e a esquerda enfrenta dificuldades ainda maiores de se apresentar como alternativa imediata de governo. Numa situação como esta, a “desgraça” pode realmente acontecer.

Entretanto, qualquer que seja o cenário pós-eleitoral, uma vitória da extrema-direita, uma vitória da direita (hoje pouco provável) ou uma vitória da centro-esquerda (Ciro ou Haddad), não resolverá a fratura da sociedade brasileira. E, como dissemos recentemente, não ungirá o eleito de legitimidade, seja para garantir e aprofundar os ataques contra os trabalhadores, seja para redefini-los nos termos de um novo pacto social. A fratura seguirá e as contradições se acirrarão.

Sabemos dos enormes riscos de uma vitória eleitoral da extrema-direita, ainda mais em um cenário em que esses setores indicam cada vez mais na direção da transformação do golpe institucional em ditadura aberta e reacionária. A centro-esquerda tem a pia intenção de remendar o pacto oferecendo um novo ciclo de crescimento que recupere direitos, garantindo a lucratividade dos diferentes setores do capital monopolista. Para tanto, acena com a revisão da reforma trabalhista, a revisão das restrições quanto ao teto de gastos, a defesa da democracia (nos limites institucionais vigentes) e outros pontos que poderiam, segundo seus defensores, retomar o pacto. Temos dúvidas se as classes dominantes, que afinal tomaram a iniciativa de romper o pacto, teriam agora a disposição de remendá-lo. Tudo indica que não.

Quanto à esquerda, sem dúvida são pontos importantes e temos dado mostras de que defendemos tais bandeiras, ainda que saibamos de seus limites. Não é aí que reside o problema da unidade necessária para enfrentar a extrema-direita. A dificuldade se encontra nos pontos que não aparecem nessa proposta de “programa mínimo da unidade”.

Como tive oportunidade de debater com meu colega André Singer em recente evento promovido pela ADUSP na Universidade de São Paulo, me parece que a esquerda não está sendo de fato convidada para esse “acordo”. O PT não propôs e não quer uma aliança à esquerda para combater o chamado golpismo e o risco da extrema direita. Sua preocupação central se dirige ao centro e à centro-direita, inclusive com setores claramente golpistas. Prova disto é que, em quinze Estados, o PT está aliado a políticos ligados aos partidos que operaram o impeachment da ex-presidente, principalmente o MDB. A isso deve-se somar as alianças informais, como aquelas que a Articulação de Esquerda, corrente interna do PT, denunciou no Rio de Janeiro pelo fato de um candidato do PT aparecer nos comícios de seu antigo aliado Eduardo Paes, candidato do DEM!

Essa preferência se reflete na questão do chamado “programa mínimo”. Se, por um lado, pode-se anunciar uma revisão da contenção dos gastos públicos (a PEC 241 ou PEC 55) e uma revisão da reforma trabalhista, para negociar com os empresários uma versão menos truculenta da legislação trabalhista (como defende o Ciro) e da contenção de gastos, por outro, ficam fora desse programa mínimo de “unidade” a reforma da previdência, a reforma agrária, a reforma política, a garantia de educação e saúde públicas (portanto, contra as Fundações, as OSs e OCIPs), e o enfrentamento ao todo poderoso capital financeiro, seja na questão da dívida pública, seja na sacrossanta política de superávits primários.

Cabe perguntar: por que? A resposta parece evidente. Porque esses são os temas de negociação com os segmentos do capital para refundar o pacto. Para derrotar a “extrema-direita” o preço é garantir os interesses do capital financeiro, do agronegócio, do comércio de exportação e importação, da educação e saúde mercantilizadas.

Na minha modesta experiência de militância, por vezes, sou convidado a participar de reuniões para discutir a necessária e urgente unidade para a qual “a força política que representamos é importantíssima e tudo mais”. Mas quando se chega lá, fica uma clara impressão de que algumas pessoas já vinham de reuniões anteriores paras as quais você não foi convidado e onde já se fechou pontos que não podem ser alterados. O acordo, a meu ver infrutífero, com a direita já tem seus termos (leiam os programas do PT e de Ciro). Eles querem os votos da esquerda (são poucos, mas acreditem, podem ser decisivos) mas não querem de fato negociar com a esquerda, não aceitam rever a política que nos trouxe ao abismo em que nos encontramos e nos convidam para saltar juntos do precipício… de novo.

É isso que a cortina de fumaça do “voto útil” esconde: a natureza e os horizontes dos acordos que querem dirigir nossos destinos, mas que precisam ficar ocultos na neblina política para que não se percebam suas determinações e suas possíveis consequências.

Neste cenário, no primeiro turno, cabe à esquerda uma tarefa que não diz respeito apenas a ela e àqueles valorosos militantes que a defendem diante de todas as dificuldades do momento. Trata-se de uma tarefa que diz respeito a uma necessidade política do país e, principalmente, dos trabalhadores. Compreender que o ciclo da conciliação de classes se esgotou e é impossível retomá-lo sem derrotar ainda mais os trabalhadores e a maioria da sociedade brasileira, abrindo ainda mais o espaço para aventuras de extrema-direita. É necessário pensar o Brasil rompendo os ditames do mercado, do capital financeiro e do agronegócio. Para isso, é fundamental alterar profunda e radicalmente as formas e instituições políticas, porque só assim poderemos enfrentar verdadeiramente a direita e a extrema-direita, porque é aí que reside o fundamento de seu poder. Por isso, são tão fundamentais campanhas como a do companheiro Guilherme Boulos do PSOL, PCB e MTST, que tem meu declarado apoio, assim como a candidatura da companheira Vera Lúcia, do PSTU, independente de nossas chances eleitorais.

É importante que se saiba que não haverá acordo com a esquerda sem o compromisso com a previdência pública e universal, sem a garantia da defesa da saúde e da educação públicas e gratuitas, sem o enfrentamento da dívida pública, sem a reforma agrária e uma nova política agrícola, sem a garantia das terras para os povos indígenas e quilombolas, sem o respeito as mulheres, negros, LGBTs, imigrantes, sem a estatização do sistema financeiro, sem uma alteração profunda na institucionalidade política e dos termos de governabilidade, sem imediata revogação da reforma trabalhista e das privatizações dos governos anteriores.

Para que fique claro: sem fundações público-privadas, sem EBSERH, sem portaria Normativa de dezembro de 2013, sem golpes na Conferência Nacional de Saúde, sem entregar o Ministério as Cidades para o PP do Maluf e a saúde mental para o Valencius Wurch, sem defender que o negociado se sobreponha ao legislado, sem servilismo no toma lá da cá do presidencialismo de coalisão. Deu para entender?

O dilema da centro-esquerda (que insiste em se apresentar como esquerda) é que a aliança com a centro-direita (e a direita) é antagônica com a aliança com a esquerda. É a vida, uma benção ou uma desgraça, mas melhor que o plágio. Por uma conta eleitoral, descartam um acordo com a esquerda e a chantageiam com o perigo da extrema-direita. Não embarcaremos mais em uma aventura que encobre um pacto contra os trabalhadores com um verniz de defesa de uma democracia abstrata e irreal para maioria da sociedade brasileira.

Para alguns, termos como esses são estranhos ao “jogo eleitoral”. Como se dissessem que agora não é hora de discutir programas e propostas políticas. É triste, mas compreensível. Para algumas pessoas trata-se de um “jogo” no qual mentir faz parte, como por exemplo prometer que não jogará o peso do ajuste sobre os ombros dos trabalhadores e depois fazer exatamente isso para garantir sua “governabilidade”.

Por último, resta o argumento de que tudo isso está certo, mas que agora trata-se de derrotar a barbárie. É verdade. Vamos, então, enfrentá-la, como temos enfrentado, nas ruas e nas lutas, muitas vezes à custa de nossas vidas e, neste momento, com candidaturas diferentes. Propomos, em primeiro lugar, que para enfrentar “Voldemort” não se deve aliar-se aos “comensais da morte”.

Boitempo nas eleições // Na nossa cobertura das eleições 2018 realizamos uma série de ações que buscam contribuir com a reflexão coletiva durante o período, entre as quais a publicação de textos inédito no Blog da Boitempo, vídeos na TV Boitempo e um serviço gratuito de indicações de leituras pelo WhatsApp, com curadoria da equipe editorial. Clique aqui para conferir.

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Mauro Iasi é professor adjunto da Escola de Serviço Social da UFRJ, pesquisador do NEPEM (Núcleo de Estudos e Pesquisas Marxistas), do NEP 13 de Maio e membro do Comitê Central do PCB. É autor do livro O dilema de Hamlet: o ser e o não ser da consciência (Boitempo, 2002) e colabora com os livros Cidades rebeldes: Passe Livre e as manifestações que tomaram as ruas do Brasil e György Lukács e a emancipação humana (Boitempo, 2013), organizado por Marcos Del Roio. Colabora para o Blog da Boitempo mensalmente, às quartas.

25 comentários em Eleições 2018: a armadilha do voto útil e o desafio da esquerda

  1. Carlos A. Herreira // 14/09/2018 às 4:31 pm // Responder

    Parabéns, Professor!
    Excelente análise!

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  2. João Damah // 14/09/2018 às 6:00 pm // Responder

    Com algumas exceções as pesquisas eleitorais têm tido seus prognósticos confirmados. Desta feita, no entanto,existe um complicador que diz respeito à viabilidade, até então, ou não da candidatura Lula. Cronica anunciada ou não, criou-se um impasse que ajudou, de certa forma, na fixação da imagem do ex-presidente à do Hadad. É inquestionável a força da imagem do Lula e percebo que as classes D e E, à medida que a situação político-social e econômico do país foi se agravando, voltaram suas esperanças para o retorno do ex-presidente, trazendo com isto um bom número de eleitores da classe C. Abalizo meu ponto de vista no fato de que várias pesquisas vinham apontando vitória do LULA até mesmo nos redutos do PSDB, como São Paulo, por exemplo. Não se pode olvidar de uma verdade nua e crua, que os menos bafejados pelo sorte, se assim podemos dizer,, “pensam com a barriga” e ultimamente a grita é geral. Assim, até para minimizar a “caixinha de surpresas” do voto útil, resta ao PT reforçar ao máximo a imagem do Hadad ao do LULA e ainda mais, demonstrar que o PT continua vivo, lúcido e são.

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  3. Antonio Tadeu Meneses // 14/09/2018 às 6:11 pm // Responder

    Como sempre uma excelente análise. Mas faltou abordar um problema, qual a força e a representatividade da esquerda? Parece que ela está aplastada, sem rumo e nem capacidade de fazer frente à barbárie que vem ocorrendo nos últimos anos. A esquerda me refiro é aquela tradicional, autêntica, cuja história de um dos mais importantes partidos beira aos 100 anos. Porém, enquanto isto em pleno 2018, a direita feudal retrógada vem crescendo cada vez mais, aliás não é só aqui, como no mundo todo. Gostaria de saber porque isto acontece.

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  4. Fala camarada maurão

    Enfia essa referencia a harry potter ai bem no meio do rabo e aproveita pra ajeitar as calças que o LU e LA tatuado em cada nádega ta aparecendo.

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    • Mauro Luis iasi // 16/09/2018 às 10:31 am // Responder

      Obrigado pelo comentário perspicaz, denso e consistente. São análises como estas que nos animam a continuar nesta lida de tentar levar algum tipo de contribuição para reverter a profunda decadência política que nos assola.

      Mauro

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  5. Hugo Pequeo Monteiro // 15/09/2018 às 8:38 pm // Responder

    Grande Camarada e Colega Professor Universitário Mauro Iasi,

    Extremamente lúcida esta sua análise das práticas eleitorais da centro-esquerda que como você mesmo disse, insiste em se autodenominar de esquerda, Embora estejamos passando por um dos piores retrocessos políticos e econômicos da nossa história, não existe o mínimo de autocrítica desta centro-esquerda em relação a esta Maldita política de alianças com a centro-direita/direita. Eles (PT) quase destruíram o próprio partido ao patrocinarem um ajuste fiscal comandado por um banqueiro, Joaquim Levy, cometendo estelionato eleitoral e dando início a este terrível calvário vivido pela classe trabalhadora desde o início do mandato da honesta porém Estúpida e Conciliadora, Dilma Roussef. O governo do vampirão temer apenas aprofundou o tal ajuste fiscal iniciado pela presidANTA. A ameaça clara da extrema-direita no horizonte também deve ser em parte creditada às políticas do PT e de seus fiéis escudeiros do PCdoB de sempre se mostrarem como bons moços/moças respeitadores das normas impostas pelo deus mercado. Ao não demarcarem o território da luta intransigente pelos direitos da classe trabalhadora e ao passarem a falsa idéia de que é possível uma convivência pacífica e de mútuo respeito entre exploradores e explorados, se misturam com a direita na cínica prática do toma-lá-da cá. Com isso, dão espaço ao fascismo que em nome de soluções autoritárias para resolução da “bandalheira dos políticos” sai a campo colhendo os frutos da ignorância das classes médias arruinadas ou não pela crise e os aplausos e o apoio do capital rentista/financeiro que sempre se articulou com estes setores para impor sua agenda em momentos de crise do sistema. Já a Esquerda combativa, não negociadora de princípios e defensora dos trabalhadores da cidade e do campo, não consegue ampliar seu raio de ação, por se encontrar presa nesta teia em que se converteu o campo democrático-popular.
    Ampliar as ações dos movimentos sociais e organizações sindicais influenciados pelo PSOL/PCB e PSTU é uma necessidade sine qua non para nós da Esquerda superarmos a lógica da luta circunscrita única e exclusivamente ao parlamento. Não se trata de não procurarmos eleger parlamentares das tres legendas, mas temos que ter claro que a luta se faz nos dois espaços, privilegiando-se porém as ações de rua, as mobilizações e as greves sempre que estas formas de luta sejam possíveis. E para que estas formas de luta sejam possíveis não podemos nos acomodar. O trabalho de formação da consciência política da classe trabalhadora mostrando a necessidade da ruptura da ordem vigente deixando bem claro que esta mesma ordem já está sendo pisoteada pela direita que com as ações combinadas dos quatro poderes ( a mídia corporativa sendo este quarto poder), estabelece o retorno ao escravagismo e ao status de colônia ao nosso país.
    Aproveito o espaço para declarar o meu voto não-útil na candidatura da coligação PSOL-PCB.

    Saudações Comunistas,

    Hugo P. Monteiro
    Professor Titular
    Departamento de Bioquímica
    Universidade Federal de São Paulo

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  6. Gilmar Caetano // 15/09/2018 às 9:26 pm // Responder

    Uma boa análise, mas bem mais deixa disso do que sei que você defende. A vaca foi pro brejo esta equação não tem solução. O centro , que estranhamente vocẽ chama de centro esquerda, é o cessar do suplício temporário, mas a certeza do sacrifício é igual para o centro para a direita e mais rápido para a extrema direita, e a esquerda é só discurso sem ressonância nas massas. Então, este impasse será apressado pela história que já atropelou qualquer decisão eleitoral desta fajutice da política institucional burguesa. É voltar aos cursos de formação e responder: Por que afinal fomos derrotados?

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    • Mauro Luis iasi // 16/09/2018 às 10:33 am // Responder

      Sim Gilmar… esta a questão a ser respondida, na formação e nas lutas sociais que certamente seguirão.

      abraço

      Mauro

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      • Gilmar Caetano // 19/09/2018 às 9:31 pm // Responder

        Nos encontraremos, com certeza, em alguma dessas barricadas da vida. Sobramos apenas nós e a história que caminhara junto com as massas.
        Abraço
        Gilmar

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  7. Vinícius Aires Staub // 16/09/2018 às 12:35 am // Responder

    Professor Mauro, a análise é muito boa. Mas não tem nela nenhum argumento verdadeiro contra o voto estratégico.

    As eleições não são a política inteira. Não temos avanço estratégico nenhum em conseguir, em vez de 1%, 6% para o candidato de esquerda, como foi possível para Heloísa Helena. Nosso avanço sempre foi na organização de base da classe.

    O problema é a ilusão sentimental que o rito do voto impõe à gente. Se eu voto no Ciro, parece que passo a me identificar com ele, e a sentir que ele me representa. Mas o voto não é, objetivamente, um mecanismo de representação (muito menos identificação emocional!). É um mecanismo de botar pessoas em posições eletivas do Estado. Repito: é isso que o voto é enquanto mecanismo democrático.

    Ou seja, não torno o Haddad meu representante ao votar nele. Talvez seja preferível votar naquele que já me “representa”, que está exatamente no mesmo campo político que eu. Mas isso não é uma questão moral. O voto sempre tem que ser tomado como uma ação estratégica pois senão o risco é justamente que o poder ilusório do rito eleitoral se aposse mais dos trabalhadores.

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  8. Vinícius Aires Staub // 16/09/2018 às 12:36 am // Responder

    Aliás: ia votar em Mauro Iasi em 2014, mas votei na Marina pra ver se tirava o PSDB do segundo turno, hehehe.

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    • Mauro Luis iasi // 16/09/2018 às 10:35 am // Responder

      Puxa Vinicius, então já fui vítima do voto útil… deve ser ressentimento rsrsrs…
      Um abraço

      Mauro

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    • Mauro Luis iasi // 16/09/2018 às 10:41 am // Responder

      Oi Vinícius,

      É verdade, mas o voto é também um mecanismo de representação, como dizia Engels “um termômetro da luta de classes”, nunca foi e nunca será mais que isso, dizia ele. No entanto, creio que ele acaba revelando, também, um tipo de identificação, não sei se emocional ou política, me parece que os dois.
      Quando alguém vota “útil” em um candidato que não se identifica, dá a este candidato mais cacife do que de fato teria e mascara seus conteúdos programáticos reais. Mas, concordo com você sobre o risco de fortalecer o “ilusório rito eleitoral”.

      Abraços

      Mauro Iasi

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  9. Manoel Paiva // 16/09/2018 às 3:09 pm // Responder

    Prezado Mauro Iasi. Concordo em gênero, em número, mas discordo em alguns graus. Quando você fala em candidato com mais condições de derrotar o “você sabe quem”, seria o Boulos-Guajajara? Acho que não em termos de porcentagem, talvez em termos ideológicos. A esquerda (ou aqueles a quem chamamos de esquerda) deveriam ter feito a união em torno de UMA chapa há muito. Logo no período do golpe dos EUA pra obter o Pré-Sal. Conhecendo o perfil dos partidos diria que não houve a necessária preocupação com isto. Enquanto a vanguarda segue em suas uniões em nível de Direção e não em nível popular, o povo segue recebendo a terra por cima. A escolha realmente é pelo carisma de Lula e por benesses populares em seu período do que por idéias. Se for pra votar ideologicamente seríamos PSTU que chuta todos os paus de todas as barracas e isola-se na luta contra o Capital. Por querer uma aproximação com o PCB estava apoiando Boulos (com o nariz tapado ao PSOL), mas a conjuntura nos joga pra ou apoiar Ciro ou LulaHaddad ou ficar com Alckmin ou “vc sabe quem”. Quem seria mais fácil ou difícil enfrentar no governo? Creio que a decisão útil é nesse caminho com todo respeito a sua idéia

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  10. Mario Trufanno // 17/09/2018 às 11:25 am // Responder

    Um bando de gênios. Veja abaixo:
    Ninguém sabe o que está em jogo…

    Pense em Leonardo da Vinci. Pense em Shakespeare; pense em Einstein; em Clara Schumann; no Espião que Saiu do Frio, o George Smiley; David Gilmour & Richard Wright; pense em Ingmar Bergman; e também em Ritchie Blackmore; em Sherlock Holmes (com sua MORAL avançada, nunca porra-louca…).

    Eles estão no limiar entre história e mito:
    alguns são reais — como EINSTEIN,
    outros ficcionais, todos incríveis.
    Em todas as eras, são eles que vivem no “fio da navalha”, os que forçam as fronteiras da humanidade até seus limites. São cientistas, atletas, amantes, musicistas clássicos, artistas NÃO-PORRAS-LOUCAS (ou seja: clássicos!).
    Alguém está interessado neles. Quem?…

    Lança-se um desafio para várias dessas pessoas impressionantes em todo o mundo. Uma competição gigantesca com perigos reais. Só aqueles que vivem no fio da navalha poderão participar; só eles poderão saber que a competição existe.

    A disputa se chama “Dodecatlo”, como a saga mítica dos Doze Trabalhos de Hércules. E do outro lado estão QUEM? Sabe quem?… Estão os apedeutas, aquela velhacaria, os petistas, as barangas, a esquerdalha… O PeTismo. O PeTralhismo. Esse corja. essa velhacaria, os gatunos, os larápios, os sertanejos-universitários, os chicos-taquara-rachada-buarquenses, essa breguice, os picaretas, os embusteiros, os chalatões do PT, esses CANALHAS contra Shakespeare. Os vigaristas. A ralé, os gatunos, os ladravões, contra Eisntein; contra George Smiley, contra Ian Gillan e contra Bergman.

    Será composta de doze tarefas extremamente difíceis, e quem completar todas elas será o vencedor. A Fortuna – da mitologia romana, que não é baranga como a dilma o é — não diz por que está organizando o desafio. Só o vencedor saberá.

    Aqui contra a religião baragona e manezona do PeTismo, se verá e se assistirá o poder do padrão de
    excelência — o poder de Johann Sebastian Bach, — o anti-petista por excelência! O poder da música instrumental contra o cancioneiro água-com-açúcar; de Bach e de toda essa turma, inclusive de Clara Schumann.

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    • Mauro Luis Iasi // 18/09/2018 às 11:33 am // Responder

      Nossa Mário

      Creio que você queria mesmo dizer algo e se esforçou, vale o esforço.
      Só duas coisas, pequenas, Einstein tinha claras preferências políticas pela esquerda e bastante clareza dos riscos do capitalismo e Shakespeare era considerado um “maldito” em sua época.
      Já Bach ser “anti-petista” por excelência, deixo para o Dunker responder, fica mais no campo da psicanálise sabe… projeções de um tempo passado em que a humanidade ainda podia guardar alguma esperança de emancipação no universalidade burguesa, sei lá.
      Continue tentando.

      Abraços

      Mauro

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    • Maria Clara // 27/09/2018 às 4:42 pm // Responder

      Truffano:

      Boa análise sobre a baixa-cultura e a arte séria como a de Ingmar Bergman que você cita em sua reflexão acima, com grande propriedade, entre outros (considerada como “de elite” pela religião do Petismo, — por ser de difícil assimilação).

      E pergunto constantemente:

      Por onde andam as pessoas interessantes?
      No PT é que não é…

      Saudações,
      Clara.

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  11. Fernando Dias Gabriel // 18/09/2018 às 10:39 am // Responder

    O voto útil só merece este qualificativo para alguns: os que manipulam as massas para raspar ainda o fundo do tacho, que sobrou da rapina que nos deixou todos de tanga… O país foi saqueado, o povo volta à miséria da servidão… Não vejo nada útil à frente, já passa da hora do povo agir contra a máfia que se apossou do Congresso, dos corredores palacianos, dos meandros da In-justiça, das associações dos “donos do poder”.

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    • Mais útil que o chamado voto útil será a invasão dos parlamentos, câmaras e assembléias país a fora… botar pra correr essa cambada de juízes bem vestidinhos e com auxílio moradia
      O Povo tem que governar, errado ou certo ou errando/acertando

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    • Não se esqueça que o voto útil também é estratégico, se a situação é tão grave como agora no Brasil. O que você propõe para o povo agir contra a máfia que se apossou do congresso … ? O que temos na mão é o voto, e este poder está começando a ser consciente no Brasil, o que já é um passo democrático importante. um abraço da Mariluz

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      • Oi Mariluz,

        Nós temos que mudar a forma e o conteúdo das instituições políticas. Este Congresso é o resultado de um sistema político e eleitoral que deforma o voto, pelas máquinas de campanha, o financiamento privado e os lobbies que impõe os interesses privatistas aos eleitos.
        O voto, dito estratégia, quase sempre é um arremedo tático que acaba não tocando nos fundamentos podres desta ordem política vigente.

        Abraços

        Mauro

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        • Obrigada pela resposta. Entendo o que você quer dizer; existem estratégias a longo e a curto prazo, para o momento bem que podia ser útil – deixemos o Brasil se democratizar. Abraço de volta. M.dA.

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  12. Mario Trufanno // 24/09/2018 às 8:43 pm // Responder

    Tem um petista que falou mal de filme.

    Desprezou CD e DVD. Falou com desdém da tecnologia do BLU-RAY.
    Eu nem estava falando com ele. Mas com o dono da banquinha.
    Ele estava ouvindo minha conversa — meio de soslaio — e deve ter ficado injuriado, pois eu estava — naquele momento — elogiando, ao dono da banquinha, tais tecnologias de alto padrão para reproduzir, com fidelidade sui generis, o que deseja e sempre quis um diretor de cinema de seu próprio filme e da direção-de-arte do mesmo filme.

    Eu estava no meio da conversa (deve ter achado que eu estava a tratar de algo dazelite). Dai do fundo do depósito da banquinha, ele disse assim, com voz cavernosa:
    “– Posso eu dar uma opinião?”.

    Você sabe tão bem como petistas são KITSCH… E sobretudo bregões e bregonas.

    Houve um silêncio soturno para que o petista pudesse dar a opinião dele.

    Nunca em toda vida ouvi falar tanta asneira sobre cinema; sobre blu-ray e sobre a história do cinema. E, sobretudo, sobre a tecnologia imediatamente anterior, mas clássica (mesmo que não é utilizada pelo mundo imediatista atual, e por muitos brasileiros, exclusivamente).

    Foi tanta asneira, que só podia ser petista! Para o petista entender tive que falar até da “teoria matemática dos conjuntos”, com intenção de explicar o Padre Eustáquio. E falei de estatística… Mas eu creio que não se atinou de nada!

    E citei Ingmar Bergman (não conhecia! Mas é lógico que não! É petista!) — Ingmar que não fica passando em Netflix.

    E poucos dias depois dessa situação embaraçosa, para surpresa geral, e para corroborar o que eu havia dito, a “Folha de São Paulo” lançou uma fabulosa e nova coleção de cinema na banca! Pra zelites. E em qual plataforma tecnológica? Em qual suporte?

    E-xa-ta-mente em DVD! Em 30 volumes: “Os Melhores Diretores do Cinema Mundial”. E sabe qual foi o n° 1??? Ingmar Bergman (“Mônica e o Desejo”) e Orson Welles.

    Exatamente aquele diretor erudito que dei como exemplo ao petista apedeuta, naquele dia infeliz

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  13. António Meyrelles // 10/10/2018 às 3:13 pm // Responder

    Lá como cá em Portugal essa análise é correcta! O PT está como está pelas concessões que fez ao capital financeiro e aos incontroláveis imbróglios em que se deixou enredar! O PS aqui tende a desempenhar o mesmo papel de “cavalo de Tróia” obrigando as outras forças progressistas a apoiar o seu governo para não entregar o poder à direita imperialista e reaccionária que nos (des)governou e empobreceu a mando do FMI/BCE/UE com a falsa politica da não alternativa! Lá como cá a luta continua…

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